Setembro reforça a importância da doação de órgãos e marca um ano histórico para o SUS, com avanços e desafios diante da alta demanda.
Minas Gerais – Setembro de 2025. O Setembro Verde, mês de conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, ganha um significado especial em 2025: o Brasil ultrapassou a marca de 30 mil transplantes realizados pelo SUS, número inédito que representa um crescimento de 18% em relação a 2022.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, já foram contabilizados 3.408 transplantes de órgãos neste ano. Os procedimentos mais realizados foram de rim (2.292), fígado (874) e coração (151). Entre os beneficiados, 67% são homens, mas ainda há 46.116 pessoas na fila de espera, sendo a maior parte (42.661) à espera de um rim.
A complexidade dos transplantes
O urologista da Afya São João Del Rei, Dr. Emanuel Reis Botelho, destaca que o paciente renal em fila de espera costuma enfrentar uma longa jornada, marcada por ansiedade, desgaste emocional e comorbidades como diabetes e hipertensão, que aumentam o risco cirúrgico.
“A dificuldade em encontrar um doador compatível, especialmente quando não há doador vivo, prolonga ainda mais a espera. A cirurgia em si é de alta complexidade e exige uma equipe multidisciplinar experiente. Um dos momentos mais críticos é a reconexão dos vasos sanguíneos, feita por urologistas e cirurgiões vasculares, essencial para o sucesso do transplante”, explica.
O especialista também reforça a importância da agilidade no processo:
“O transplante exige uma cirurgia simultânea de retirada do órgão do doador e o implante no receptor. Qualquer atraso entre a extração e a implantação pode comprometer o rim, aumentando o risco de complicações pós-operatórias.”
Compatibilidade: o grande desafio
Outro ponto crucial é a compatibilidade entre doador e receptor. Exames determinam desde o tipo sanguíneo (sistema ABO) até a compatibilidade HLA, proteínas responsáveis por identificar elementos próprios ou estranhos ao corpo.
Segundo Dr. Emanuel, a doação em vida oferece resultados superiores:
“Quando se consegue um doador vivo compatível, os desfechos cirúrgicos são melhores e a qualidade do órgão costuma ser superior em relação aos de pacientes em morte encefálica. Sempre que possível, a doação em vida é a opção preferencial.”
Conscientização e solidariedade
O recorde de transplantes em 2025 mostra a força do SUS e a solidariedade dos brasileiros, mas também reforça a urgência de ampliar a conscientização sobre a importância de ser um doador. O Setembro Verde é um convite à reflexão: cada gesto pode transformar vidas e reduzir a fila de espera que ainda atinge milhares de pacientes em todo o país.