Ela foi a primeira brasileira, desde Maria Esther Bueno, a participar de quatro torneios grand slams no mesmo ano; foi a primeira representante do Brasil, desde Niege Dias em 1989, a chegar numa semifinal de WTA, em 2013; furou o top-50 do mundo, algo que não acontecia também desde quando Niege Dias jogava e conseguiu o feito, em 1988.
Hoje, vamos passar um pouco pela história de Teliana Pereira, tenista pernambucana radicada em Curitiba, que venceu muitas dificuldades antes de chegar ao topo do ranking brasileiro.
O começo
Teliana Pereira nasceu em 20 de julho de 1988, em Águas Belas, cidade pernambucana que faz fronteira com Alagoas. Sua família se mudou para Curitiba em 1995. Seu pai tinha irmãos que moravam na capital paranaense, e quando ele chegou, conseguiu emprego na academia do Didier.
Teliana estudava de manhã e ajudava o pai, trabalhando na academia durante a tarde. Ela começou no tênis pegando bolinha pra ajudar o pessoal a continuar o jogo. Isso dava dinheiro que ajudava em casa. Começou a poder jogar sempre que alguém faltava, e gostou da brincadeira.
Quando tinha entre 15 e 16 anos, Teliana viu que seria a chance para mudar sua vida e a de sua família. “Desde pequena eu tinha o senso de responsabilidade. Até por ter nascido no sertão, cada um tinha a sua tarefa. Então sempre encarei o tênis com muita responsabilidade. Quando eu fazia, fazia bem. Se eu treinava, treinava mais. Eu sempre quis mais. Eu encarava como uma forma de crescer na vida”, disse ela em depoimento para o Break Point Brasil.
A carreira profissional
Teliana chegou ao profissional em 2005. Passou ser a #1 do Brasil em 2007 e chegou a 196º do ranking da WTA. Nessa temporada, ela conquistou três títulos future: Atenas (GRE), Amiens (FRA) e Foggia (ITA).
Mas seus resultados decolaram a partir de 2013. Então 156ª do mundo, ela chegou às semifinais do WTA de Bogotá (COL), e subiu 40 posições no ranking. Depois, quase classificou-se para a chave principal de Roland Garros, porém acabou derrotada na última rodada do qualy.
Teliana ainda conquistaria três torneios ITF de US$25 mil, e terminaria o ano como #88 do mundo.
Os quatro Majors
Em 2014, ela participou pela primeira vez de um grand Slam, sendo eliminada na primeira rodada do Australian Open pela russa Anastasia Pavlyuchenkova.
No mês de abril daquele ano, ela conseguiu sua primeira vitória contra uma top-30, a romena Sorana Cîrstea, pelas oitavas de final do Premier de Charleston (EUA).
Depois disso, venceu sua primeira partida em um grand slam, no torneio de Roland Garros (Teliana seria eliminada na segunda rodada); Enfrentou a ronena Simona Halep em Wimbledon, caindo na primeira rodada; e novamente encarou Anastasia Pavlyuchenkova, sendo derrotada na primeira rodada do US Open.
De qualquer forma, o ciclo estava completo. Teliana disputara os quatro grand slams daquele ano, o que não acontecia com uma brasileira há décadas, e se consolidava entre as top-100 do ranking mundial.

Os grandes títulos:
Finalmente, a pernambucana/paranaense conquistaria seus dois primeiros WTAS. Em 6 de abril de 2015, ela derrotaria a paraguaia Verónica Cepede Roy para conquistar o WTA de Bogotá (COL). O título fez a brasileira saltar para a 75ª posição do ranking mundial.
Três meses depois, ela brilharia em solo brasileiro. No WTA de Florianópolis, no Costão do Santinho, ela derrotaria na final a alemã Annika Beck por 2 sets a 1 (6/4, 4/6 e 6/1), em 2 horas e 36 minutos de jogo. Foi aí que, 28 anos depois, uma brasileira chegava ao top-50 do ranking mundial.
Teliana Pereira terminou 2015 como #46 do mundo.

A queda,
“Depois de ter o meu melhor ano, em 2015, eu já não conseguia suportar a dor. Dessa vez era meu cotovelo direito. Não conseguia sacar ou jogar”. Teliana teve duas derrotas seguidas no começo de 2016. Acabou não conseguindo repetir o desempenho nos torneios que tinha ido bem em 2015, e caiu. Depois da derrota na primeira rodada do US Open para Carla Suarez Navarro, ela saiu do top-200 do ranking mundial.
Apesar disso, conseguiu disputar os Jogos Olímpicos da Rio-2016, realizando um de seus sonhos como atleta.
Em junho de 2017, Teliana parou. Se permitiu dar um tempo e viver. Tentou voltar em 2018, mas sofreu com novas lesões e precisou parar pela terceira vez. Resolveu passar o tempo treinando, trabalhou como comentarista, voltou em 2019 às quadras e vem tentando retomar seu espaço.
Hoje em dia, porém, de uma forma mais leve. Teliana conquistou o que queria (a casa para sua família, a tranquilidade, a Olimpíada, a presença nos grandes torneios, os títulos). Ainda está ativa, mas sua carreira se destacaria mesmo se já tivesse terminado sua passagem dentro das quadras.
Para terminar, fica a indicação de leitura do depoimento feito por ela ao blog Break Point Brasil, do Globoesporte.com, em que ela conta mais sobre a sua vida e de como passou por todas essas adversidades para conseguir vencer no tênis e na vida.