Setembro Amarelo: Solidão crônica está ligada a mais de 870 mil mortes por ano, aponta OMS


Especialista da Afya Sete Lagoas alerta que a desconexão social enfraquece o sentido de vida e pode aumentar o risco de ideação suicida

Minas Gerais – Setembro de 2025. No mês do Setembro Amarelo, dedicado à prevenção do suicídio, um novo relatório da Comissão sobre Conexão Social da Organização Mundial da Saúde (OMS) chama atenção para a solidão, considerada hoje um dos gatilhos mais silenciosos do sofrimento mental.

De acordo com o estudo, uma em cada seis pessoas no mundo vive em isolamento, condição associada a cerca de 100 mortes por hora — mais de 871 mil vidas perdidas todos os anos. O impacto é mais evidente entre jovens e populações de países de baixa e média renda, com até 21% dos jovens de 13 a 29 anos relatando sentir-se sozinhos.

Para a psicóloga da Afya Sete Lagoas, Dra. Sabrina Magalhães, a solidão crônica é um fator de risco emocional significativo.

“A ausência de vínculos e de uma rede de apoio eficaz enfraquece os recursos emocionais da pessoa, dificultando o enfrentamento de situações de estresse. Sabemos que o apoio social é um dos principais fatores de proteção contra o suicídio.”

Ela acrescenta que a solidão pode estar relacionada a características como perfeccionismo. Pessoas que se cobram excessivamente ou se sentem inadequadas tendem a se isolar, ampliando a frustração, a desesperança e, consequentemente, a vulnerabilidade emocional.


Solidão e juventude: grupo mais vulnerável

O relatório reforça dados já alarmantes: todos os anos, 727 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, sendo esta a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

No Brasil, o cenário também preocupa. A OMS aponta cerca de 14 mil mortes por suicídio anualmente, o que equivale a 38 vidas perdidas por dia.

Segundo Dra. Sabrina, adolescentes e jovens são particularmente vulneráveis devido a uma combinação de fatores emocionais, sociais e neurobiológicos:

  • Impulsividade e imaturidade cerebral, que dificultam o controle emocional e a tomada de decisões;

  • Menores habilidades de enfrentamento, levando a perceber situações difíceis como insuportáveis;

  • Conflitos familiares, especialmente com os pais;

  • Condições psiquiátricas, uso de substâncias e bullying.

A especialista alerta ainda para o chamado “efeito contágio”, em que jovens reproduzem comportamentos suicidas de pessoas próximas, celebridades ou personagens midiáticos, sobretudo quando se identificam com essas figuras ou quando o tema recebe grande visibilidade.