Série inédita reflete sobre o conceito de propriedade ao redor do mundo


A noção de posse e sua transformação ao longo da história, da propriedade privada ao corpo humano e a natureza. Esse é o tema da série inédita “O que Possuímos? – O Conceito de Propriedade ao Redor do Mundo”, a ser exibida no Curta!, que nos convida a refletir sobre como diferentes culturas e sociedades tratam o assunto

Cena da série ‘O que Possuímos? – O Conceito de Propriedade ao Redor do Mundo’ (Divulgação: Curta!)

Dividida em quatro partes e com produção da ARTE France, a série ouve 14 especialistas, como juristas, economistas e filósofos, para discutir como a propriedade privada é vista globalmente, variando de sagrada a um direito natural. Questiona, ainda, se realmente possuímos nosso corpo, explora a autoria da propriedade intelectual e de patentes, além de uma ampla gama de propriedades, incluindo inteligência e natureza. A direção é de Gérard Mordillat, Christophe Clerc e Bertrand Rothé.

O primeiro episódio, “Inviolável e Sagrado”, vai ao Império Romano para explicar como o conceito de ‘propriedade privada’ se originou com juristas da época. O economista Gaël Giraud, ligado ao Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e à Universidade de Georgetown, explica que o conceito tem raízes em uma teoria proposta pelo antropólogo Orlando Patterson, segundo a qual a noção de propriedade privada surgiu quando as pessoas começaram a comparar suas relações patrimoniais, como a posse de escravizados. Ao se tornar o único dono de algo (ou alguém), isso significava que ninguém mais podia dizer o que você podia ou não fazer com o que possuía. “Ou seja, há uma relação exclusiva em que o senhor pode dizer “Eu sou o único que pode exigir isso e aquilo do meu escravo, e ninguém mais na Terra tem autorização para fazer o mesmo. A propriedade privada é um conceito de exclusão. Não é um conceito que oferece direitos, e sim exclui todos os outros”, explica o economista. Gaël também enfatiza que após o Império Romano, o termo ficou esquecido, tendo ressurgido no século XI com a Igreja Católica ao inventar o Estado e o direito canônico e restaurar a ideia de propriedade privada baseada no direito romano.

Na França a propriedade foi declarada como algo “sagrado” durante a Revolução Francesa. Isso significava que ninguém poderia ser destituído de sua propriedade, a menos que fosse para o bem público e com compensação justa. Essa ideia se tornou parte dos direitos humanos. John Locke, filósofo inglês do século XVII, citado na série, argumentava que a propriedade era um “direito natural”, inerente ao ser humano e que poderia ser negociado ou revogado.

A série reforça que não há uma única definição de propriedade que funcione para todas as sociedades. Cada uma decide o que significa ter algo como propriedade. Kako Nubukpo, economista da Universidade de Lomé, explica que a ideia de propriedade na África, por exemplo, está ligada à comunidade. Mesmo que alguém tenha herdado terras de seu pai, precisa negociar com toda a família para usá-las. Isso se deve ao fato de que muitos parentes também têm direitos sobre as terras próximas. “A visão de propriedade na África leva em conta o passado e o futuro, porque acredita-se que os mortos continuam influenciando as coisas. Isso torna a distribuição de bens na comunidade mais complexa e interligada entre as gerações”.

Por fim, a série deixa alguns questionamentos, incluindo se o direito de propriedade se aplica ao nosso próprio corpo. “Podemos considerar nosso corpo como uma coisa? Somos donos do nosso corpo? Podemos vender nossos órgãos como objetos simples? Se possuímos nosso próprio corpo, podemos possuir o corpo de outra pessoa? A escravidão é a expressão máxima do direito de propriedade?”.

“O que Possuímos? – O Conceito de Propriedade ao Redor do Mundo” pode ser assistida também no Curta!On – Clube de Documentários, disponível na Claro TV+ e em CurtaOn.com.br. Novos assinantes inscritos pelo site têm sete dias de degustação gratuita de todo o conteúdo. A série tem produção da ARTE France. A estreia no Curta! é na Quinta do Pensamento, 31 de agosto, às 23h.


Tônia Carrero em cena do episódio ‘Teatro Brasileiro de Comédia’, da série ‘Companhias do Teatro Brasileiro’ (Divulgação: Curta!)

Teatro Brasileiro de Comédia: história de um dos principais grupos teatrais do país é contada em produção inédita

O Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) é reconhecido por muitos como a companhia teatral mais estável e artisticamente respeitada do país. Durante a década de 1940, o TBC redefiniu a forma das apresentações teatrais, atraindo a atenção dos jornalistas e da alta sociedade. No elenco, talentos excepcionais como Cacilda Becker, Cleyde Yáconis, Tônia Carrero, Tereza Rachel, Fernanda Montenegro, Stênio Garcia, Leonardo Villar, Walmor Chagas, Sérgio Cardoso, Paulo Autran, Ítalo Rossi, Sérgio Britto, Raul Cortez e Jardel Filho. Um vislumbre dessa história é revelado no novo episódio da série inédita “Companhias do Teatro Brasileiro”, exibida com exclusividade no Curta!. A produção é da Camisa Listrada e a direção é de Roberto Bomtempo.

Durante os anos 1930 e 1940, o teatro brasileiro estava em crise. O repertório tradicional de comédias, costumes e dramalhões não mais conseguia cativar o público. O modelo de produção, tanto do ponto de vista empresarial quanto artístico, dava evidentes indícios de esgotamento. Foi justamente nesse cenário tumultuado que um movimento surgiu para alterar definitivamente o curso do teatro no Brasil: os amadores. Assim, o Teatro Brasileiro de Comédia emergiu como resultado desse movimento de entusiastas amadores em São Paulo. Segundo a pesquisadora teatral Maria Thereza Vargas, eles almejavam, acima de tudo, apresentar ao público as peças tais como os autores as haviam concebido, rompendo com a prática comum de alterá-las, acrescentar cenas ou cortar personagens.

Franco Zampari, um industrial italiano apaixonado por teatro, desempenhou um papel crucial ao financiar a criação do TBC. Sua visão incluía a construção de um teatro “de verdade” em São Paulo, para abrigar os artistas amadores que careciam de espaços para se apresentar. O grupo encontrou seu lar na Rua Major Diogo, próximo ao centro da cidade. O ator Juca de Oliveira descreve: “era um teatro médio, a plateia ficava inclinada, um palco ótimo, com uma escada que levava para uma sala de ensaios”. No terceiro andar, havia a Escola de Arte Dramática (EAD), que também foi uma fundação quase simultânea à do TBC.

Em depoimento para a série, a atriz Nathalia Timberg expressou a relevância de sua experiência no TBC, destacando que a presença influente dos encenadores e diretores transformou sua compreensão do teatro. “A abordagem adotada passou a ser percebida sob uma nova perspectiva, estimulando discussões teatrais e explorando a dinâmica do ser humano no palco de maneira inovadora. O teatro evoluiu além da mera representação para se tornar um veículo eficaz de debate de ideias e reflexões sociais profundas”.

O ano de 1958 marcou o décimo aniversário do TBC, mas também o afastamento de Cacilda Becker do grupo, reconhecida como a maior atriz brasileira daquela época. Cacilda deixou o TBC para fundar sua própria companhia teatral. No mesmo ano, o TBC encenou uma peça que se tornaria um de seus maiores sucessos, tanto de público quanto de crítica: “Um Panorama Visto da Ponte”. A produção se destacou pela ousadia de trazer palavrões para o palco, sendo um dos primeiros espetáculos brasileiros a incluir tal gesto.

A série “Companhias do Teatro Brasileiro” foi viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A série traz 15 episódios e, após “Teatro Brasileiro de Comédia”, serão exibidos: “Teatro de Arena”, “Teatro Oficina”, “Grupo Opinião”, “Teatro Ipanema”, “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, “Teatro dos Quatro”, “Companhia Estável de Repertório”, “Grupo Macunaíma” e “Grupo Galpão”.

“Teatro Brasileiro de Comédia” também pode ser assistido no Curta!On – Clube de Documentários, disponível na Claro TV+ e em CurtaOn.com.br, a partir da quarta-feira, dia 30. Novos assinantes inscritos pelo site têm sete dias de degustação gratuita de todo o conteúdo. A estreia do episódio no Curta! é na Terça das Artes, 29 de agosto, às 23h30.

Sobre o Grupo Curta!

O Grupo Curta! tem como missão a difusão de conteúdos audiovisuais relevantes nas áreas de artes e humanidades, sejam brasileiros ou estrangeiros, através da TV linear (canal CURTA!), de plataformas de streaming de operadoras de telecom e da internet. A curadoria de conteúdos é, portanto, o motor central do grupo e foi uma das que mais aprovaram projetos originais para financiamento da produção pelo Fundo Setorial do Audiovisual: já foram mais de 125 longas documentais e 872 episódios de 77 séries que chegam ao público em primeira mão através de suas janelas de exibição:

O canal Curta!, linear, está presente nas residências de mais de 10 milhões de assinantes de TV paga e pode ser visto nos canais 556 da NET/Claro TV, 75 da Oi TV e 664 da Vivo Fibra, além de em operadoras associadas à NEO;

Curta!On, o clube de documentários do Curta!, na ClaroTV+ e em CurtaOn.com.br, conta com mais de 800 filmes e episódios de séries documentais, organizadas por temas de interesse como Música, Artes, MetaCinema, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Mitologia e Religião, Sociedade e Pensamento. Há também pastas especiais com novidades – que estreiam a cada mês –, conteúdos originais exclusivos, biografias, além de uma degustação para quem ainda não é assinante do serviço.

Tamanduá TV, plataforma marketplace aberta para qualquer internauta, já reúne mais de quatro mil conteúdos. O usuário pode alugar filmes e séries específicos ou assinar de forma econômica um dos pacotes que contêm conteúdos segmentados por área de interesse: CineBR, CineDocs, CineEuro, CurtaEducação (para professores e estudantes do Ensino Médio e Enem), MetaCinema (para aficcionados e estudantes de Cinema), entre outros. Os pacotes CineBR, CineDocs e CineEuro são disponibilizados desde 2018 como serviço de valor agregado (SVA) para perto de oito milhões de assinantes de banda larga fixa (ISP) da operadora CLARO, sem custo adicional.

As atividades do Grupo Curta! também promovem a geração de royalties para produtores audiovisuais independentes, com a exploração de seus direitos audiovisuais nas diferentes janelas de streaming. O pacotes Cines da Tamandua TV e do Curta!ON estão repassando anualmente mais de R$ 1,5 milhão de reais em royalties para os produtores dos conteúdos que difunde.