Roseane Santos lança “Parda Latina Periférica”, canção que olha nos olhos da miscigenação


Feat com Cacau de Sá, single inédito chega às plataformas digitais no próximo dia 16/11

Uma das vozes mais icônicas da cena de Curitiba está com música nova. Roseane Santos agora dá mais um passo na carreira de cantautora e lança o single “Parda Latina Periférica”.

Bronzeia o negro, realça os olhos mel, diz a canção que olha nos olhos da miscigenação, reconhecendo suas
complexidades, belezas e violências. A novidade vem na sequência de “Fronteiriça” (2020), seu primeiro álbum autoral, e de “Livro Vivo vol. 1” (2021), parceria com Luciano Faccini e Faetusa Tirzah. Escrito pela própria Roseane e musicado por Luciano, o novo trabalho propõe um trajeto por temas como raça e identidade, diáspora negra, a condição de povos originários e colonização.


Arte de Catarina Dantas

Sem pretender dar conta de toda extensão de questões tão profundas, “Parda Latina Periférica” vem ao mundo como desabafo a partir da perspectiva de uma mulher negra, LGBTQIA+, com mais de 50 anos.

A presença de Cacau de Sá (banda Mulamba) conta com texto escrito e interpretado por ela, criando uma interlocução entre as vozes das artistas que explode e se estende até o final da música. É uma atmosfera spoken word em que duas mulheres de gerações distintas se encontram, cada uma com suas experiências enquanto negra e periférica. Joana Queiroz também faz participação especial, na clarineta e no clarone.

“Eu que fui registrada como ‘parda’, envolta nas discussões sobre o colorismo. Essa canção surgiu a partir disso. Um debate complexo que, mais uma vez, traz foco para o racismo e que agora nos move para uma camada que separa os pretos de pele mais clara dos pretos de pele mais escura”, explica Roseane.

“E seguimos assim, deixando o povo preto cada vez mais em situação de vulnerabilidade e sujeito à exploração. A escravidão acabou? Terei direitos iguais aos homens e mulheres brancas? Ou serei perseguida na rua e dentro dos supermercados? Alguns pretos podem não se entenderem como pretos ainda, mas os brancos sabem muito bem quem não é branco”, destaca.

A nova música reúne texturas telúricas, urbanas e ásperas, por meio de uma sonoridade inspirada em ritmos da cultura popular brasileira e de outros povos latino-americanos, com a proposta de colocá-los em diálogo com a contundência e o peso de uma intenção rock, linguagem que adquire particularidades em cada um dos países das Américas em que está inserida.

Parentesco com “Fronteiriça” e trajetória
Dona de uma carreira intimamente ligada aos universos do samba e ritmos afro-brasileiros, Roseane Santos é reconhecida como uma das cantoras mais importantes das últimas décadas no cenário de Curitiba.

Seu primeiro álbum autoral, “Fronteiriça” significou, ao mesmo tempo, um marco de vida e o resultado de uma longa trajetória, finalizado em 2020 e lançado em meio pandemia, com toda a série de obstáculos e restrições amplamente conhecidos no mercado da música no Brasil desde então.

Agora, neste 2022 de eleições no país (e de, mais uma vez, resistência e luta por um futuro em que espaços de poder deixem de abrigar a institucionalização do fascismo, da discriminação e violência contra minorias), “Parda Latina Periférica” chega como o mais jovem fruto gerado ao lado do agrupamento de musicistas que se formou ao redor da obra de Roseane, desde Fronteiriça, passando, em alguns casos, também por Livro Vivo vol 1.

A banda é formada por Vic Vilandez, Luciano Faccini, Leonardo Gumiero, Gabriela Bruel, Francisco Okabe e Daniel D’Alessandro. A direção artística é da própria Roseane em parceria com Luciano Faccini; a produção musical é assinada por Luciano e Leonardo Gumiero, que também foi responsável pela captação, mixagem e masterização. A produção executiva é de Moira Albuquerque.

(Texto: Daniel Dalessandro)

A arte de capa é uma criação em xilogravura de Catarina Dantas.

“Parda Latina Periférica” é também uma realização da Queda Livre Coletiva, articulação de artistas que ocorre de forma orgânica desde 2018 e já lançou, além de Fronteiriça e Livro Vivo vol. 1, ímã de nove pontas (2020) e Furiosa Aberta (2021), da banda ímã; Waltel 92 (2021) e o álbum 8 (2022), de Francisco Okabe.

– Toda a produção do single e seu lançamento só foi possível pelo Programa de Apoio e Incentivo à
Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.

Serviço

Lançamento digital de “Parda Latina Periférica”
16/11 nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Music e Youtube
– Email para contato: [email protected] , [email protected],
[email protected] e [email protected]

Ficha Técnica – Parda Latina Periférica
Roseane Santos: voz
Cacau de Sá: voz
Vic Vilandez: baixo elétrico
Gabriela Bruel: percussão
Daniel D’Alessandro: bateria e percussão
Luciano Faccini: guitarra
Leo Gumiero: synth
Joana Queiroz: clarinete e clarone

Direção: Luciano Faccini
Produção musical: Leo Gumiero e Luciano Faccini
Gravação, edição, mix e master: Leo Gumiero
Produção executiva: Moira Albuquerque
Artes: Catarina Dantas