Reflexões para tempos de guerra e morte por Letra-Psicanálise


“Reflexões para tempos de guerra e morte”
Conferência de Angela Valore – On-line

Em 1932, Albert Einstein escreveu a Sigmund Freud perguntando se existiria alguma forma de livrar a humanidade da ameaça das guerras. Freud não ofereceu uma resposta definitiva: sabia que qualquer tentativa nesse sentido esbarraria menos nas razões políticas dos conflitos e mais na posição subjetiva de cada indivíduo diante da violência e da morte.

Quinze anos antes, ao refletir sobre a Primeira Guerra Mundial, Freud já havia se deparado com a decepção da humanidade consigo mesma. Sua análise, presente em diferentes textos, sobre o que determina a disposição de cada um frente à violência ou à morte do semelhante, segue atual e interroga nosso presente.

Mas até que ponto suas formulações sobre a relação entre as disposições individuais e os embates entre nações permanecem suficientes para compreender as guerras de hoje? Se o mal-estar imposto pela civilização nunca foi plenamente resolvido, talvez as pistas estejam justamente nas formas particulares e coletivas de evitá-lo.

Freud classificou como “impossíveis” as tarefas de governar, educar e analisar; Lacan acrescentou a ciência como um quarto impossível. Seria a guerra, então, um quinto impossível? Uma irrupção do Real, da qual nunca se sabe onde se vai chegar? Ou estaríamos diante do resultado inevitável da cegueira coletiva em relação às estratégias que a civilização insiste em adotar para tentar tamponar um impossível com outro?