Quebrada do Basquete

basquete, Quebrada do Basquete

Quebrada do Basquete no Inter-Praças 2017 (divulgação/QB)
Quebrada do Basquete no Inter-Praças 2017 (divulgação/QB)

No Brasil, basta sair à rua para ver gente chutando bola pelo asfalto, campinhos de areia ou qualquer área improvisada num pedaço de terra. Cena comum no denominado por alguns como “país do futebol”. No meio disso, porém, tem muita gente interessada em tocos, arremessos e enterradas.

 

Apaixonados pelo basquetebol em todo o Brasil buscam promover a modalidade pela prática nas ruas e praças, incentivando a comunidade a participar. Esse é um dos objetivos do Quebrada do Basquete, equipe formada por entusiastas do esporte para representar a cidade de Quatro Barras e tornar o basquetebol ainda mais amado e praticado pelos bairros.

 

A Quebrada

Rafael Rech Creplive, o idealizador da equipe, nos contou mais sobre a criação do projeto: “O nosso time começou em 2017, no segundo ano da Liga Interpraças [campeonato de basquete amador envolvendo Curitiba e Região Metropolitana]. […] No começo nosso time se chamava NBQB (Novo Basquete Quatro Barras), mas aí eu acabei me desentendendo com o cara, que não tinha a mesma ideologia que eu, e criei a Quebrada do Basquete.”

 

“Em 2017 a gente ganhou um jogo e perdeu três. O pessoal falava: ‘pô, Rafa, teu time era loco de feio, de ruim’, mas a gente tinha o intuito de jogar basquete, de representar a região”, conta Rafael.

Quebrada em 2016 (divulgação)
Quebrada em 2016 (divulgação)

Nos anos seguintes, o Quebrada do Basquete só cresceu. “Em 2018 a gente já veio com um time mais forte, com jogadores de várias regiões do Brasil: Marcelo, que jogou no Maringá; Cauê, que jogou em vários times de São Paulo; Luciano, Fedalto […] vários atletas de alto rendimento ou que já jogaram até mesmo semiprofissional ou profissional”, explica Rafael.

 

O ano de 2019 foi o melhor do Quebrada do Basquete. De uma equipe que tinha apenas o objetivo de jogar, o time teve a oportunidade de participar de todas as competições. Inclusive de campeonatos fora do estado, como um promovido pela Tupi no evento “Tupi Fundição”, em Santa Catarina.

 

Formação de equipes

Para conseguir estar presente em todos os campeonatos, é preciso ter um elenco diversificado. “Nosso time Foi o único amador que jogou um campeonato federado de alto rendimento. […] Então, a gente tem uma agenda muito grande. Então, por exemplo, no Inter Praças, que é a liga amadora de basquete de Curitiba, hoje a gente coloca um time dos moleques da quebrada, garotos entre 14 e 20 anos que representam o time da nova geração”, conta Creplive.

 

O Quebrada também promove treinos abertos, para conseguir a participação de mais pessoas e para jogadores já presentes no projeto praticarem: “A gente tem um treino aberto às segundas-feiras no ginásio Quatro Barras. Eu quero buscar um ginásio em Curitiba, do estado ou da prefeitura, pra começar a fazer jogo aberto também. Desses treinos abertos a gente tira atletas e indicações de alto rendimento”.

os treinos do Quebrada do Basquete nas segundas (divulgação)
os treinos das segundas (divulgação)

“A gente tem vários atletas que já jogaram em seleção, como o Neguinho, conhecido como ‘Madrigal’; Adornes, que o pessoal chama de ‘Kevin Durant da quebrada’; Bambu, que jogou pelo Flamengo… Então, a gente tem uma equipe de alto rendimento […]. Ano passado nós jogamos contra Coritiba, contra Maringá, mas sempre sem treinar. Então meu objetivo esse ano é buscar um time de alto rendimento treinando também”, explica Rafa.

 

Os planos

Para continuar esse crescimento, o Quebrada do Basquete deseja abrir a associação do time, a fim de viabilizar parcerias e fortalecer o apoio da prefeitura de Quatro Barras. Outro plano, segundo Rafael, é abrir uma escolinha de basquete com times do sub-9 até sub-14.

 

Tantas ideias, porém, estão tendo de esperar por algum tempo. A pandemia de Coronavírus forçou a paralisação das atividades da equipe. Os treinos das segundas-feiras não estão sendo realizados e as competições estão todas suspensas.

 

“O coronavírus abalou tudo, todo mundo ta parado. O atleta de alto rendimento ta treinando em casa, os atletas que são amadores estão totalmente parados. Isso perde um ritmo muito grande, nós deixamos de ter um entrosamento que já existia, porque a gente já tinha uma sequência de jogos muito grande todo final de semana”, diz Rafael.

 

A comunidade

Além de apoiar o basquete e incentivar sua prática, o Quebrada do Basquete também ajuda como pode as comunidades. “Nosso time chegou a ir em mais de um evento. Perante a CUFA (Central Única das Favelas) a gente organizou o basquete no último Viradão Esportivo. Eu também tenho uma tabela de basquete do time, que eu comprei, que a gente já levou pra eventos da comunidade aqui em Campina Grande do Sul, onde a gente vê que as crianças não têm acesso ao basquete”.

treinos no ginásio Menino Deus, com o professor Mark (divulgação)

“nós não somos só um time: somos uma organização, uma associação que vai levar o basquete onde ele não tem espaço. Eu digo que a gente vai brigar com o futebol. […] O basquete em Quatro Barras, desde que eu sou garoto, sempre teve de lutar contra um esporte que é dominante no país”.

 

“[…] O nosso objetivo, com essa parceria da prefeitura de Quatro Barras e com outras prefeituras que eu pretendo elaborar, junto à Central Única das Favelas, é promover o basquete de base e garantir o espaço do basquete que às vezes o Estado não garante”, explica Rafael.

 

“Hoje em dia, se você for em qualquer praça que tenha uma tabela de basquete e uma quadra de futebol, a quadra de futebol vai ter mais membros e vai dominar o espaço. Então, se o Estado não age, a gente tem que agir e buscar o espaço, dominar o local e mostrar que o basquete também tem visão”, completa.