Parlapatões entrega um “Shakespeare consoante”


Companhia revive espetáculo que foi sucesso no Festival há 24 anos. Eis uma lista para demonstrar porque a remontagem destas “obras completas” e abreviadas do bardo inglês

O Grupo Parlapatões representa hoje uma espécie de resistência urbana dentro da cidade de São Paulo, devido à ocupação e revitalização da praça Roosevelt, na zona central da cidade. A companhia mantém um bar-teatro com programação ininterrupta, cursos e atividades diversas ligadas às artes cênicas. Tal empreitada revigorou o local, sem exclusão ou gentrificação, fazendo parte imprescindível da cena cultural e de entretenimento da Pauliceia.

Na 7ª edição do Festival de Curitiba, em 1998, o grupo fez estrondoso sucesso com a estreia nacional da peça PPP @wllmshkpr.br. Este espetáculo construiu sua reputação em todo o Brasil. O nome incomum do espetáculo precisa ser explicado.

PPP é a sigla para Parlapatões, Patifes e Paspalhões, nome original do grupo de humor circense criado em 1991. O resto do endereço eletrônico é o nome sem vogais do bardo William Shakespeare. Um “Shakespeare consoante”.

Como a peça foi apresentada aqui há longos 24 anos, os Parlapatões apresentaram uma lista para demonstrar porque a remontagem deste novo clássico do teatro de humor internacional é uma das peças imperdíveis do 30º Festival de Curitiba, na Mostra Lúcia Camargo:

1 – O argumento da peça é ótimo:  

A ideia original do espetáculo é sensacional: pegar as 37 peças de William Shakespeare, cânone máximo do teatro mundial, resumi-las num texto de 90 minutos e entregá-lo a uma enlouquecida trupe de palhaços. A montagem pode ser resumida como uma hora e meia de tirar o fôlego de um público que ri ouvindo os textos mais brilhantes da história do teatro.

2 – Uma seleção do teatro brasileiro a montou: 

O texto original da peça é dos atores americanos Adam Long, Jess Borgeson e Daniel Singer, cuja trupe montou a primeira versão e conseguiu ficar seis anos ininterruptos em cartaz em Londres. Mas na versão brasileira da montagem convergiram forças poderosas do teatro brasileiro: a tradução do texto foi de Bárbara Heliodora, professora, ensaísta e crítica de teatro brasileira, maior autoridade da obra de Shakespeare no Brasil. Já a direção foi de Emílio Di Biasi, histórico ator e diretor paulistano que também foi muito importante dirigindo a Oficina de Atores da Rede Globo, onde revelou grandes talentos. Junte a eles a força dos Parlapatões…

3 – Tem Shakespeare para todos os gostos 

Na encenação predominam trechos da popularíssima peça Romeu e Julieta e há muito Hamlet, considerada a maior obra da dramaturgia ocidental, mas há um pouco de todos os escritos de Shakespeare. Mas tudo é trazido para a rês do chão:  as peças históricas com sangrentos embates por reinos, coroas e poder são comparadas a jogos de futebol; os versos de Otelo são ditos sobre beats de rap; e as comédias são condensadas em uma única encenação absurda, que faz sátira ao teatro de animação.

4 – Não tem desculpa para não ver (ou rever) 

Os cenários, figurinos e elenco original mudaram, mas o texto brilhante é o mesmo. Assim a peça é e não é uma reprise. A reencenação então serve, como dizem os próprios Parlapatões, “para quem diz que não viu e ouviu falar muito, possa ver. Para quem já viu, poder rever. Para quem não tinha idade para ver, poder ver”. Se você se enquadra em qualquer dessas categorias não perca tempo e garanta seu ingresso.

Serviço:

[email protected]
31 de março e 01 de abril às 21h
Sesc da Esquina

(Visc. do Rio Branco, 969 – Mercês)
R$ 80,00 – R$40

Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L2), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.

Fotos: divulgação