Prólogo.
Confesso que sempre fui hesitante nas surpresas da vida, mesmo assim sempre fui encantado com tamanhos acontecimentos. O ofício de escrever deveras cansativo e solitário, analítico e sintético, um conta-gotas que tem que dar vazão ao oceano.
Um oceano na vazão de um conta-gotas, é o que pode se dizer da personagem central da história, um produto do meio vivido, o abraço do âmago que se vive, se depara com a mutabilidade da ética em sua vida, um tempo pode mudar a razão disso em detrimento do que acontece.
Porém algumas visões se mantém “radioativas”, e repercutem ao passar do tempo, ou seja a soma das surpresas da vida, juntando com a inspiração em textos como “Pirquei Avot” um texto rabínico que também pode ser chamado de “Ética dos Pais” além de estudos hermenêuticos de cabalah.
A luta de um homem que levou sua vida ao desequilíbrio existencial, não dando espaço para as coisas simples e transcendentes, foi apenas o trabalho e o ofício, quando se depara com a eternidade passa a refletir e entender sua posição no mundo.
O texto traz o absurdo realista e muitos simbolismos associados à história, estabelecendo relações dialéticas com o cancioneiro brasileiro, ora evidente no texto ora implícita, com a tradição oral judaica.
A provocação no título se reconfigura a cada parágrafo, dando novos significados ao sentido literal do título, causando uma nova profundidade de entendimento a cada símbolo ao longo do texto.
“O Corpo e o Cohen” é resultado desta proposta.
Texto escrito entre 2015 e 2016 que se renova no simbolismo após a mais atávica e cruel crise humanitária que nossa geração passa, seríamos o corpo, uma carne dada aos vermes que simboliza o humano que ali passou? Ou seríamos o Cohen – uma classe de pessoas que cresceu e sobreviveu alheia ao contato mais literal com a morte?! – Escrito em pretérito mais que perfeito, por tudo aquilo que poderia ter sido e não foi!
Dedico o texto a seguir à todas as pessoas enlutadas!
O Corpo e o Cohen
1.
Naquele tempo, em cujos jornais bombardeavam notícias sobre o país e ele empunhava o jornal com notícias sobre a nova onda de calor que aquele janeiro desencadeava sobre a cabeça de todos, o calor que para um ponto equidistante entre o equador e o círculo polar era muito maior do que qualquer anseio de um arlequim que desejava festa.
Era ele, uma espécie de herói de si mesmo, para família inflava o peito falando que não precisava de amigos, e que a vida valeria a pena se fosse bem trabalhada, trabalho este que era o motivo dele existir aos olhos de terceiros, mas para si era o atoleiro, a areia que se move. Quase como se trabalhasse em um serviço burocrático, quase como se fosse guardião da lei, porém era um solitário alfaiate.
Foi quando ele despertou aquela manhã , despertou como todos os dias que só uma pessoa inundada de metodologias para a sua vida pode acordar, como se fosse fruto de um abismo fortificado de versos em meio a razões das quais não pode se apropriar a um modo cotidiano de ser, estar e viver.
Era um alfaiate daquele tipo de alfaiate clássico daquele tipo de alfaiate que só atendia as pessoas mais ricas da cidade, e assim o fazia, acordava todas as manhãs, tomava café e corria para a máquina em seu ateliê que ficava há duas quadras de onde morava, e para chegar lá tinha de atravessar uma grande praça arborizada e entrar em um labirinto de prédios modernos.
Tinha nascido naquela cidade filho de imigrantes da Bessarábia, seus pais eram tipos específicos, o pai lhe ensinou o ofício e sustentou a ele e sua mãe durante sua vida, sua mãe uma iídiche mame clássica, aquele tipo de mulher que nunca o deixaria com fome ou passar frio, dessa forma recusou todas as pretendentes que um dia sonharam em adentrar o lar, por isso nunca se casou mesmo que gostasse da mulher dona da banca da pracinha entre sua casa e seu trabalho, uma linda morena dos olhos verdes, a quem tudo sabia era isso, os olhos verdes de uma bela morena e nada mais.
Nunca teve uma vida epopeica como a de seus pais, tios e avós, nem era financeiramente bem sucedido como os primos, a quem era sempre comparado nos jantares, reuniões de família e principalmente no Seder<<Viu o Luiz, comprou um carro zero e não guardou todo o dinheiro que ganha sendo um açougueiro de mão cheia>> mas ele não se abatia a essas coisas e seguia reto entrecortando tantas línguas em uma só fala, comiam eles a erva amarga também.
Acercava-se dos cinquenta anos e vivia a vida em motes como se o “livro sagrado” o desse a receita e a estrutura fundamental de o que se fazer e principalmente como se fazer, e respeitava isso profundamente, e nesse sentido profundo por mais extenso que parecesse sabia que era mais bem sucedido que primos, pais, avós, tios e humanidade.
Com o estranho hábito de cortar o cabelo a cada quinze dias, isso porque vivia com a cabeça coberta, sua barba cobria as maçãs do seu rosto e principalmente ele replicava os anseios de sua vida nela, caminhava passo a passo sempre pela sombra da rua até a barbearia onde o velho barbeiro até já conhecia as preferências, que ao longo dos vinte anos que adentrava aquele lugar modificou apenas por conta das entradas na cabeça que desenharam uma grande careca.
Morava no antigo apartamento de seus pais, e fazia questão de manter a mesma decoração que sua mãe deixara quando morreu, a não ser pelos espelhos que foram retirados da casa desde o infortúnio, para que a alma não ficasse aprisionada em sensações benditas ou malditas, mas aquele dia seria diferente ele iria comprar um espelho novo o qual poria na sala logo atrás da mesa de jantar, assim quando recebesse alguém em casa todos poderiam tomar uma sopa olhando para a imagem deles e da sopa no espelho, e a variedade de sopas era muita, tinha de vários tipos e assim ele poderia trazer até alguma mulher para ao lado dele ficarem olhando para a imagem refletida sem o risco de a alma ficar aprisionada, o luto já tinha se acabado.
Mas como a vida confabula em um lindo tango liberto de Gardel, ele abriu a alfaiataria pela manhã, e tinha que terminar um traje para Moacyr Levi um grande empresário do ramo têxtil a quem eram clientes mútuos e Moacyr confiara a ele o traje para o casamento de sua filha. Moacyr sempre viveu ali naquele bairro, e os dois foram amigos de infância, começaram até uma alfaiataria juntos, mas Moacyr pensava muito mais em aumentar o número de fregueses do que na qualidade dos ternos que fabricava, por isso resolveu abrir uma fábrica de tecidos. <<preciso desse terno no melhor estilo que puder fazer, pois quero estar muito bem vestido para ver minha filha se casar em baixo do dossel>>, foi como se tomassem um café juntos, os dois riram, e recordaram da infância, como quando o velho Levinski amaldiçoou toda sua família e foi embora insultando o bairro todo, semanas depois ele foi internado em um sanatório.
Realmente o trabalho era solitário, e a companhia de um amigo em meio ao corta aqui, costura ali, a ponta dos dedos inchados de tanto levar agulhadas, faz com que tudo aquilo tenha sentido, até dada a hora de Moacyr ir embora. Triste pela solidão, porém sempre mantinha o radio ligado no canal de noticias, e as noticias passavam de hora em hora trazendo as desgraças que aconteciam na cidade, ora um assalto, ora um assassinato, ora um acidente, e ele escutava pois gostava de se manter informado, não havia outro lado, não havia critérios, não havia profundidade para além da própria mensagem em si, e para si não transformava nada, o abismo do tudo no céu do nada, e o ferro alisava a lapela do paletó, e a maquina Singer deixava os pontos mais exatos, mesmo assim os botões tinham que ser pregados a mão.
E era botão a cada botão, e fazia isso sem pestanejar, seu pai o ensinara o ofício e ele o replicara claramente sem ter muita aversão, era conservador no conduzir da agulha, e cada buraco posto no tecido refletia esse conservadorismo em retalhos sobrados no chão do ateliê. De tão rápido que era no manejo da tesoura, que ia dando a forma às calças e paletós aí ao mesmo tempo que deitava o resto de fazenda sobrada ao lado da bancada, e depois de pronto, tudo no manequim.
Ele só parava em alguns momentos, ou para comer e tomar água, ou para atender ao telefone que insistia em tocar, aliás aquelas coisas que fazem as pessoas desacreditarem no processo e viver no retrocesso da ordem e do dever, o abrigo kantiano que faz com que todas as pessoas não deem certo por algum motivo, e o equilíbrio perante a isso é a impossibilidade, se o dever está para displicência assim como o norte está para o sul, buscar o leste era o melhor caminho a seguir, na sequência dos anseios aplainados pelo passar dos tempos.
Sem motivos aparentes, beijos no fim da tarde, só recortes de tecidos, dentro do mesmo absurdo de não se escutar aos presságios de sua cabeça <<não paguei a conta>>, <<falta pouco para a noite de sexta>>, ah presságios, e ele não queria anoitecer trabalhando, não trocaria tamanha desobediência perante aos motes de sua recepção de uma vida digna e frutífera, ah belos frutos, demorar-se-ia para colhê-los? Mesmo que ante a água em seu rosto como se fosse um presente dos céus aquela água.
Meias palavras abismais na densidade da eloquência da lógica de sua vida, tikun olam, esse conceito estava um pouco para além da lógica do seu entendimento da eternidade diante dos seus olhos, por mesmo que humanamente não encontraria com a eternidade, aliás essa eternidade fazia cair por seus ombros toda a questão torpe do sentido de estar vivo, por retemperar seu corpo todas as manhãs no banho, e caminhar vivendo em linha reta com a sentença completa, mas pensar tanto faz, tinha-se trabalho para ser feito, e todo esse esforço em jogar uma infinidade de objetos diretos para cima afim de vê-los cair gramaticalmente no chão, no hermetismo de seus grilos, em sua consciência no que dizia respeito ao ser consciente que era, quando olhava o pé de ipê sempre apenso na beirada daquela rua, quantas flores enchem o amarelo pintam e bordam toda aquela alameda estreita que parecia com as descrições dos bairros que seu pai o descrevera << Ah Bessarábia, quando a vida acontecer vai ser tão linda a mocidade>> por entre os ditos do prazer e ele dizia um palavrão por dentro a todas as sensações aplicadas no anseio mais algoz de suas verdadeiras entranhas apontadas no referido momento quando o radio tocava uma canção, mas não ia, aí então ele olhava o mais alto andar daquele edifício na esquina, será que ele conseguiria ver o mar?! Ou será que os helicópteros pareceriam gigantes lá de cima, o bom mesmo seria jogar uma moeda para vê-la cair na cabeça de alguma pessoa que passasse pela guia enveredado de tarefas, mas não o melhor seria rodar de amor pelo chão mesmo.
E pôs-se a costurar sem ligar com o que passava ao redor.
Gritava alto a campainha da porta de entrada da alfaiataria, era Teo Farah, ele irrompeu pelo batente sem olhar para a mezuza, e dessa forma foi falar diretamente com o alfaiate sem ligar para aquilo que o pensamento do velho shnayder que costurava sem pestanejar para a compreensão do universo em relação ao seu ofício <<Quero que me faça um terno para semana que vem>> disse Téo<<impossível>> respondera com firmeza mas ele sabia que naquele vazio dos dias em que viviam teria de aceitar o trabalho e se desdobrar fazendo o que não queria, porque mesmo querendo a meticulosidade em fazer algo para alguém tão cheio de métodos não fazia sentido, nem por um vintém trocado na algibeira da calça; aliás vinténs esses que faltavam, e ele carregava consigo o orgulho em estar trabalhando e se propondo a fazer o seu melhor de forma revolucionária a sua condição de homem no seu tempo.
Ah quantas milongas, os outros alfaiates aceitariam sem pestanejar um trabalho relâmpago assim, mesmo tendo que aproveitar o dia e não o sol, trabalhando afio, virando a noite e vendo nada além de pontos e botões no seu nariz, mas ele queria algo a mais em seu ofício, porém o que era para ser feito e o aceitou.
Quanta vergonha não trazia ao seu povo, ficou pensando por minutos, aliás, vergonha?! O trabalho dignifica a humanidade do homem, mentira isso, o que dignificaria mais seria a realização sem a necessidade de passar por motivos cotidianos, e ele ficava pensando nos buracos negros do universo enquanto a parede para alfaiataria pedia para ser pintada de branco, aliás todos os problemas que chegam são esses, é essa parede, a lâmpada, o terno de Teo Farah, a liquidez do tempo a mortalidade da vida, mas se sentia bem por dar-se conta que tinha gente sem parede, sem lâmpada e quem teria que compartilhar o leito com Teo Farah.
Tesoura, pontos, aí alisava com um ferro aquecido por carvão e aquele trabalho teria que continuar, e continuou sem prerrogativas para parar, além do abismo de Plotino que é trabalhar aos olhos do vizinho.
Se a solução para toda rima fosse um verso em trova, no sentido italiano de trovar com outra coisa, aliás no português trava deve vir disso, o encontro entre duas coisas que bloqueiam o acesso ou sentido, ou não, mera divagação. E a manhã passou tão rápido que esquecera do almoço já era quatro horas da tarde, e parou para almoçar, de pé, nem se sentou, parecia um escravo egípcio.
A salada era boa, arroz, carne, batata, e para acompanhar um belo suco de laranjas compradas no mercado porque a química do refrigerante acabaria com o ph químico do seu corpo e ele estaria sendo contaminado pelas chaminés das fábricas.
Mas o ato de comer de pé como opção não o faz escravo e sim o faz livre da necessidade de se sentar, porém se come de pé porque lhe falta tempo, isso o faz escravo como um africano chegado à América ou um hebreu no Egito.
Eis a sina de ver-se ao sol glorioso, nesse mistério de aproveitar o dia dessa forma, nem bem terminou de comer e lá se foi contar os tecidos e rever os moldes para a medida do risca giz de Téo Farah. Sem o apito das escolas da cercania ele nem viu que tudo passaria por apelos sem poder renascer no descanso depois de um almoço quase no fim da tarde, ou da manhã, não se sabe.
Não se acreditava, mas, estava quase na hora de fechar a alfaiataria e ir para casa, aquela noite não teria com quem passar e fazer o kiddush, foi então que pensou em não ir para casa e ficar ali, com seus afazeres era o melhor, mas a dívida moral que teria consigo mesmo seria algo muito grande, porque os carros que rapidamente vão para as festas passavam já pelas ruas, os viajantes iam aos pontos de ônibus com suas malas já feitas e o cheiro do por do sol já começava a deixar laranja o céu que aos poucos vai ficando escuro.
Ah níveis de eternidade absoluta por sobre a precisão dos pensamentos, para todos que na mata escutam cantoria ou para todos que pegam os ônibus lotados, que já ouviram o canto triste da araponga, como delírio de uma chuva no porvir, o mundo por explodir e as pessoas tentando entender deus sem se dar conta que jamais saberiam o que ele foi antes de tudo quando esse nada infinito era apenas nada.
Nas velas acesas nas mesas das casas ele ia carregando suas mágoas pela rua, olhando as feras sorrindo nos bares, os geniais políticos discutindo a gênese do absurdo a fim de se divertirem em uma noite de sexta, só uma noite, todos os azuis das vestes dos vestidos das moças que passavam na conquista das estrelas que ali desfilavam.
Ah e o calor do miolo do vulcão o fazia suar frio nos passos, o taxi o coletivo, tão impróprio para ser um fundamental objeto do egoísmo pela locomoção, e o desejo pintado na inutilidade das paredes e muros brancos que não dizem nada além do discurso do belo ah início de toda tristeza a beleza, ou será que a felicidade consegue caminhar junto com a preocupação com a beleza, um estado mental de se sentir como si mas sempre preocupado com os olhos do outro, sem reparar que a beleza despretensiosa está no não verbo do Noturno de Chopin aí o belo é a inspiração ante o infinito.
Saudade coisa que cada ser carrega em meio a seus grilos, desde menino pequeno cumpria quase uma sina de não ser guerreiro e sua mãe uma balebusta que por unhas e dentes o defendia ante a tirania das coisas, e a saudade de um solitário que cavalga em sonhos na cidade grande mas nunca com forças para poder fazê-los, coisas de gente que cumpre uma sina ou nada mais.
Não carregava dinheiro, só um diploma empoeirado de uma carreira algoz para seus anseios, tão algoz que não a seguiu e logo após isso se trancou a costurar e a andar consigo mesmo sem apropriar-se de novos motivos.
Falsamente associado ao ganhar bem, assim amiúde colocando seus sonhos em um envelope em meros e tolos devaneios via em seus grilos o temor da lealdade alheia, e assim ia e voltava do seu trabalho. Dia após dia, sempre mais um dia, passo a passo, sempre mais um passo até que irrompe por todas as manhãs, por todas as malhas de vidro que refletem a imagem ou no alto das antenas de TV, sem um rosto emplacando-lhe um sorriso e chamando-o para ser feliz.
Deste modo então chegou a porta do prédio onde morava, e começava a anoitecer, não reparou para a revoada dos pássaros se misturando com as criaturas da noite que estavam começando a desfrutar de um fim de semana, nem reparou na androginia do outro lado da rua vestidas em roupas curtas sem perceber o vento.
Não era um suspiro abstrato na condição em possuir, entre o ato de ser possuído por um suspiro de entardecer, um crepúsculo austral jogado e desenhado no laranja dos prédios desenhados em silhuetas que pareciam estáticas se não por nuvens de água que se montavam em círculos gigantescos ou no soturno abismo do tudo sobre nada.
Velhices descartáveis dos humilhados da rua arrastando seus jornais e se prendendo na sensação física que o digital parecia tirar, mas não, um motivo apenas para irromper a portaria e os umbrais como se desenhasse um grande portal para outro mundo em um estado de espírito que parecia possuir sobre o copo de água que deixou na geladeira, tudo era confuso e turvo.
Olhou o que o síndico havia colocado por dentre os sofás da recepção do prédio. Pela frente se apresentava um escuro corredor reto e retilíneo em um formato de perspectiva geométrica perfeita, seu pomo de adão se moveu em uma angústia de um acorde diminuto, uma figura diminuta que voltava da luta.
Pé a pé era posto pelas lajotas acinzentadas da última reforma e subiu cinco lances de escada, para não ter que esperar pelos elevadores, sempre visando pisar com o pé direito em cada andar que chegasse, quando chegou à porta de sua casa, e, a mão no bolso girando a maçaneta da porta lentamente, nos umbrais escritos o que estava ordenado, e a ordem era segunda vista em uma linha apodrecida de silêncio, como se fosse guiado pela ladeira do medo que o levou, respirou fundo, putrefato ar que se respirava, e com a porta aberta para dentro lá estava, um corpo no tapete persa da sala, lá estava humilhado como o que não conseguiu, lá estava.
-Um corpo e um Cohen compartilhando a mesma sala!-
Lá estava um putrefato estirado no chão, lá estava o equívoco que é o motivo de tudo, lá estava a busca de compreensão humana ante a toda incompreensão do estado de espírito, onde o nada toca a pele e assim caminham lado a lado pelo estreito.
Assustado ele se esquivou na direção da porta, tentando fugir, e hesitante em bater na porta dos vizinhos, e quando tomou coragem não o fez, ao contrário voltou para o apartamento, então quão logo começou a chover.
-Quem será?-Quem foi?-O que fez?-Por que está aqui?
Ah tão passageiro são os dias, sem recíproca verdadeiramente falsa em uma algoz história de amor que aquele corpo pudesse ter vivido, ou não, era só um corpo sem motivos, na noite de sexta, um corpo.
Então correu para o telefone, mas este estava cortado, então decidiu finalmente correr para os vizinhos, porta a porta dos 5 andares de apartamentos e ninguém o atendera em momento algum voltou para seu apartamento e ao encanar pela janela o vento a porta de entrada da casa se trancou e ficou fortemente trancada, ele estava preso com um corpo dentro de casa.
Foto: Door at Strahovský Klášter
Glossário
- Iídiche Mame: Mãe judia, que de acordo com a cultura oral judaica é superprotetora e demasiadamente passional.
- Tikun olam (hebraico: תיקון עולם) é uma frase hebraica que significa “reparar o mundo”.[1] É importante no judaísmo e frequentemente usada para explicar o conceito judaico de justiça social.
- Mezuzá (do hebraico מזוזה “umbral”) é o nome de um mandamento da Torá que ordena que seja afixado no umbral das portas um pequeno rolo de pergaminho (klaf) que contém as duas passagens da Torá que ordenam este mandamento, “Shemá” e “Vehala” (Deuteronômio 6:4-9 e 11:13-21). A mezuzá deve ser afixado no umbral direito de cada dependência do lar,sinagoga ou estabelecimento judaico como lembrança do criador. Deve ser posto a sete palmos de altura do chão, apontando para dentro do estabelecimento com a extremidade de cima.
- Kiddush (em hebraico: קידוש, literalmente, “santificação”) é a bênção recitada sobre o vinho ou suco de uva para santificar o Shabat ou uma festa judaica.
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Um noturno é geralmente uma composição musical que evoca, ou é inspirada pela noite. Foi cultivado durante o século XIX principalmente como uma peça de caráter para piano solo, e sua origem é relacionada com o compositor irlandês John Field. Entretanto, sua representação mais conhecida se encontra nos 21 noturnos de Frédéric Chopin.
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Balebusta ou Balebuste é um termo em iídiche para boa dona de casa
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É proibido a um Cohen se impurificar (o conceito impurificar não tem conotação pejorativa. Muito pelo contrário, o cemitério é chamado de um ´campo santo). Impureza significa um estado abstrato que pela lei judaica recaem certas proibições em relação ao contato com um morto. Ou seja, um Cohen não pode tocar num morto, nem mesmo por intermédio de um objeto, ou uma roupa, nem tocar num caixão onde se encontra um morto, nem carregar um morto sem tocar nele, nem mesmo pode estar em ambiente onde se encontra um morto como detalharemos adiante. Um Cohen não pode ficar sob o mesmo teto de um morto, sendo-lhe proibido entrar em um prédio onde haja um morto, mesmo que este tenha vários andares e o morto esteja em um deles. Como também não pode passar sob uma árvore ou galho, que sob um de seus lados se encontra um morto ou um túmulo.