Sou sionista! Se isso te assustou, quero acreditar, que você talvez não tenha entendido a polissemia desse termo, então vou dizer de volta, sou sionista e de esquerda, tudo porque não existe sionismo e sim sionismos, o termo, refere-se a um movimento político que surgiu no final do século XIX, buscando o estabelecimento de um estado judaico. O objetivo principal era criar um lar nacional para o povo judeu. Existem diferentes correntes dentro do sionismo, incluindo o sionismo político, cultural, religioso, laico, de direita e de esquerda, ou seja, para ser “Palestina livre”, você não precisa ser “antissionista”, eu sou sionista e “Palestina livre”, pois o sionismo nada mais é que o lugar de fala de um judeu na política, logo, ser antissionista é querer calar a boca desse judeu, é ser antissemita! O sionismo nasceu sob uma perspectiva típica do século XIX, uma ideia de imaginário político, onde um passado em comum faria um futuro em comum, tal qual o nacionalismo francês, alemão, argentino e brasileiro, nacionalismo não existe sem passado, o mito das três raças tristes e a formação nacional do Brasil. Porém o nacionalismo judaico surge sob a ideia da terra ausente, da busca, do retorno, da necessidade de sair da terra para outra terra, gerando uma falsa percepção de que o sionismo por estar lá e não aqui é uma espécie de colonialismo, mesmo que as matizes do sionismo sejam as mesmas de qualquer nacionalismo, para algumas pessoas faz mais sentido colocar o nacionalismo judeu sob a régua do colonialismo, porque o ir de um ponto ao outro produz a ideia de conquista. Os judeus, se parecem brancos; o sionismo nasce na Europa fortalecendo a perspectiva de que os judeus são europeus, arianos, alemães invadindo a Ásia; entender os judeus como brancos europeus, é reproduzir de forma consciente aquilo que historiadores chamam de negacionismo da história, acreditando que a tese é maior que a pesquisa empírica em campo, acreditando mais em sua agenda ideológica do que nos fatos, porque 60% dos judeus em Israel são Mizrahim, do norte da África e dos países árabes. Se você acredita que os outros 40% judeus, saíram da Europa e foram para a Palestina nos anos 1930, 1940 sob a bandeira da branquitude como uma representação colonizadora, o holocausto pra você não faz sentido.
Olha, quero acreditar que exista apenas uma confusão em determinados setores da esquerda sobre a questão judaica, ainda mais alguns setores que marcham pedindo o fim de Israel empunhando bandeiras do Hamas e do Hezbollah por pessoas que não durariam um dia sob tais regimes, pois estupro, morte de civis e sequestro não é revolução, é barbárie e você apoiar tais bandeiras em nada fará a Palestina mais livre, apenas fará de você um ou uma canalha ou idiota. Essa gente que é taticamente é revolucionaria mas estrategicamente é reacionária, em nada entendeu Lênin, pois o antissemitismo é o pior tipo de traição contrarrevolucionária, até porque o Hamas tem em sua gênese a Irmandade Muçulmana, apoiada pelos nazistas nos anos 1930 contra o domínio britânico no Egito e o Hezbollah com matizes na revolução iraniana, aquela mesma que usou os comunistas e depois enforcou um por um.
Israel é um país, como qualquer outro, fundada com armas soviéticas cuja amizade com os E.U.A se deu apenas nos anos 1970, após o governo de Golda Meir, que mesmo com governos de direita, teve sempre presidentes da esquerda, como atualmente, Isaac Herzog é o chefe de estado. Isso me faz chegar ao segundo ponto, os erros de Israel.

E o governo de Israel?
Em 1948 Ben-Gurion proclamou o Estado de Israel, um estado que acolheria os árabes e os judeus pois seria laico, mas que daria privilégios aos ultra ortodoxos, pois esse grupo não estava a favor de criar o Estado de Israel então, o governo israelense teve que abrir certas exceções para esse grupo que até os dias atuais não aceita a autoridade civil de Israel, um exemplo clássico é o grupo usado pela propaganda antissionista, os Neturei Karta, que são um grupo judaico ultraortodoxo e anti-sionista. Eles se opõem à criação do Estado de Israel com base em princípios religiosos, argumentando que a formação de um Estado judeu vai contra os ensinamentos judaicos tradicionais. Os membros dos Neturei Karta acreditam que a recriação de Israel só deve ocorrer durante a era messiânica. Grupos como os Neturei Karta não aceitam fazer o serviço militar, pagar impostos e seguir algumas leis da burocracia israelense, sendo muitas vezes custeados pelo israelense comum. Porém com o passar do tempo foi-se criando um outro tipo de ortodoxia, a ortodoxia sionista, como por exemplo Baruch Goldstein, judeu que matou uma dezena de palestinos no massacre de Hebron nos anos 1990.

Israel, por ser a mais solida democracia no Oriente Médio, único país na região que foi governado por uma mulher, tem um sistema de representação plural no Knesset A representatividade no parlamento de Israel é alcançada por meio de um sistema proporcional de representação. Os eleitores votam em partidos, não em candidatos individuais. Cada partido apresenta uma lista de candidatos, e os eleitores escolhem o partido de sua preferência. Os 120 assentos no Knesset são distribuídos proporcionalmente com base no número de votos que cada partido recebe. Um partido que obtém, por exemplo, 10% dos votos, receberá aproximadamente 10% dos assentos. Atualmente existem 10 partidos para 120 cadeiras, e quem forma a coalizão para o governo?! Exatamente os judeus ultra ortodoxos, pois nos assentamentos ocupados na Cisjordânia a grande maioria de colonos é formada por eles.
Atualmente o chefe de segurança de Israel se chama Itamar Ben-Gvir, um político israelense conhecido por suas posições de extrema-direita. Fã de Baruch Goldstein, ele é membro do Knesset, o parlamento de Israel, e é associado ao partido político Otzma Yehudit (Poder Judaico). Ben-Gvir tem sido uma figura polêmica devido às suas opiniões nacionalistas e suas posições em questões relacionadas ao conflito israelense-palestino. O Otzma Yehudit é um partido considerado de extrema-direita e é conhecido por promover políticas que defendem uma abordagem mais rígida em relação aos palestinos e uma posição mais assertiva em questões de segurança e território. Itamar Ben-Gvir tem sido ativo na arena política, defendendo suas perspectivas nacionalistas e de segurança, parte fundamental da base do governo de Benjamin Netanyahu.
Durante os últimos anos Ben-Gvir armou aos colonos, deslocou o exército para Cisjordânia, e enfraquecendo a segurança em Gaza, o governo de Netanyahu é sim, um dos principais causadores da guerra em curso na Faixa de Gaza, um exemplo do que a extrema-direita é capaz de fazer, pois Israel é o mais livre país do Oriente Médio, onde 68% da população quer a saída do governo, pois a sociedade israelense reconhece os direitos das minorias, da população LGBTQIA+ é foi a primeira a se vacinar totalmente contra Covid, ser contra Israel é ser contra a liberdade de um povo, um povo formado por judeus, árabes, drusos, negros, homens, mulheres, pela diversidade e liberdade de gênero, ao contrário do recalque dos países do entorno, como o Iran, ser contra Israel é ser contra a possibilidade de liberdade no Oriente Médio, ser contra Israel é ser favorável a Netanyahu e sua caterva, ser antissionista é ser antissemita, ser antissemita é apoiar a barbárie, pois sim é possível existir dois estados convivendo lado-a-lado, basta a mudança que se aproxima, pois a paz só se fará com Netanyahu fora do poder e Hamas e Hezbollah eliminados.
E a política na Palestina?
A complexa situação política na Palestina é marcada por uma série de desafios, entre eles a corrupção na Autoridade Palestina (AP), a divisão entre os partidos Fatah e Hamas, e o impacto do terrorismo praticado pelo Hamas na população civil em Gaza. A corrupção é uma preocupação que afeta várias partes do mundo, e a AP não é exceção. Há críticas quanto à falta de transparência e prestação de contas em algumas instituições palestinas. O combate à corrupção é vital para o desenvolvimento sustentável e para garantir que os recursos sejam utilizados em benefício da população.
A divisão política entre Fatah, que governa a Cisjordânia, e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, tem sido um obstáculo significativo para a unidade palestina. Essa divisão tem impacto nas negociações de paz e na capacidade de apresentar uma frente unificada em questões cruciais para a autodeterminação palestina.
O Hamas é uma organização terrorista. Ataques indiscriminados contra civis em Israel têm sido condenados por violar princípios fundamentais do direito internacional humanitário. Essas ações causam sofrimento à população civil e prejudicam os esforços por uma solução pacífica.
A corrupção na Autoridade Palestina (AP) desempenhou um papel significativo no fortalecimento do Hamas, complicando ainda mais a já complexa dinâmica política na região. Esta dissertação explora a relação entre corrupção e o aumento da influência do Hamas.
A corrupção dentro da AP tem sido alvo de críticas, minando a confiança da população nas instituições governamentais. O desvio de fundos destinados ao desenvolvimento e bem-estar social enfraqueceu a capacidade da AP de atender às necessidades básicas dos palestinos. A corrupção contribuiu para um crescente descontentamento popular, alimentando a insatisfação com o governo. O sentimento de injustiça e a percepção de que as elites políticas privilegiadas se beneficiam às custas do povo geraram um terreno fértil para movimentos de oposição, como o Hamas. O Hamas, aproveitando-se do descontentamento e da falta de confiança na AP, posicionou-se como uma alternativa viável. Sua abordagem baseada em princípios religiosos e serviços sociais eficazes em áreas negligenciadas contribuiu para ganhar o apoio popular.
A corrupção na AP criou um conflito de legitimidade, onde o Hamas, ao se apresentar como um contraponto mais íntegro, ganhou terreno político e apoio da população. Esse fenômeno é evidente especialmente em Gaza, onde o Hamas governa. O fortalecimento do Hamas tem implicações diretas nas negociações de paz e na busca por uma solução de dois estados. A divisão política entre Fatah e Hamas torna-se um obstáculo, comprometendo a unidade necessária para avançar em direção a um acordo duradouro.
As Raízes do Hamas
O Hamas, fundado em 1987, é uma organização islâmica palestina que desempenha um papel crucial na política da região. Sua ideologia, fortemente influenciada pelo islamismo radical, tem implicações significativas em várias áreas, incluindo as relações com Israel, a posição das mulheres e a abordagem em relação à comunidade LGBT.
Quando o assunto é Israel, ideologia do Hamas é marcada por uma recusa fundamental do reconhecimento do Estado judeu, profundo antissemitismo. O grupo sustenta a rejeição da existência de Israel e advoga pela hipotética libertação total da Palestina como um califado, incluindo todas as terras historicamente consideradas como parte da região, como diz no estatuto do grupo:
“Sois (palestinos) a melhor nação surgida na face da terra. Fazei o bem e proibis o mal, e credes em Alá. Se somente os povos do Livro (i.e., judeus [e cristãos]) tivessem crido, teria sido melhor para eles Alguns deles crêem, mas a maioria deles é iníqua. Nunca serão capazes de nos causar sério mal, serão apenas uns incômodos. Se vos atacarem, acabarão virando as costas e fugirão, e não serão socorridos. Humilhação é a sina deles, onde possam se encontrar, exceto se forem salvos por meio de um compromisso com Alá ou por um compromisso com os homens. Recaiu sobre eles a ira de Alá, e a sina deles é a desgraça, porque recusaram as indicações de Alá e erradamente mataram os profetas, e por serem desobedientes e transgressores (Alcorão, 3:110-112). Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele. (segundo palavras do mártir, Iman Hasan al-Banna, com a graça de Alá)”. (https://www.chamada.com.br/mensagens/estatuto_hamas.html)
Al-Banna citado no estatuto é fundador da Irmandade Muçulmana em 1928, visando reformar a sociedade de acordo com princípios islâmicos. A organização cresceu e teve impacto não apenas no Egito, mas também em outros países muçulmanos. O Hamas tem suas matizes ideológicas na Irmandade Muçulmana, grupo esse que nos anos 40 tinha como líder na Palestina Haj Amin al-Husseini, palestino e muçulmano que desempenhou um papel proeminente durante a primeira metade do século XX. Durante a Segunda Guerra Mundial, al-Husseini ficou associado ao nazismo devido ao seu apoio ao Terceiro Reich. Al-Husseini buscou apoio dos nazistas enquanto estava exilado em Berlim durante a década de 1940. Ele encontrou afinidades ideológicas com o regime de Adolf Hitler, compartilhando antissemitismo e oposição ao sionismo. Al-Husseini colaborou ativamente com os nazistas, fazendo transmissões de rádio antissemitas em árabe e recrutando muçulmanos para unidades SS.
Al-Husseini envolveu-se na propaganda nazista, particularmente nas rádios alemãs, onde instigava o antissemitismo e apoiava a “solução final”. Sua retórica incendiária contribuiu para a disseminação do ódio antissemita em certos círculos árabes. Há registros que indicam que al-Husseini manteve relações com Heinrich Himmler, líder da SS, e ofereceu seu apoio para recrutar muçulmanos para as divisões SS, como a Divisão SS Muçulmana Handschar. O envolvimento de al-Husseini com o nazismo teve implicações significativas na política da região do Oriente Médio. Sua liderança e influência, mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial, moldaram atitudes antissemitas e anti-Israel na região. O papel de al-Husseini no nazismo é um tópico controverso, e sua figura é lembrada de maneira complexa. Enquanto alguns o veem como um nacionalista árabe que procurou resistir à presença sionista, outros condenam sua colaboração com um regime responsável por crimes contra a humanidade.

PAZ AGORA!
Você que se diz antissionista, repete coisas como “do mar ao rio”, tira o lugar de fala do judeu em um assunto judaico, empunha bandeiras do Hamas e acha que para ser “Palestina Livre” precisa apoiar o que a Palestina tem de pior, te faço um convite, vamos combater isso tudo, o governo de Netanyahu já está marcado como um dos piores da história de Israel, mas o direito de existência de Israel deve ser defendido, imagine 30 mil brasileiros mortos por terroristas de um país estrangeiro?! Estamos, nós, chorando os mesmos mortos, pois nenhum dos dois grupos deve falar em nome de Palestina e Israel, o Hamas é o que há de pior no mundo, a invasão em uma rave não foi aleatória, foi um grupo ultraconservador matando pessoas livres, que namorava, festejavam e viviam sua liberdade que em nada tinha haver com a irascível ideologia do radicalismo islâmico, foram jovens, meninos, meninas, LGBTs, cidadãos do mundo brasileiros, brasileiras, tailandeses, tailandesas, gente da Tanzânia, do México do Paraguai; famílias queimadas vivas, gases sendo jogados em bunkers e judeus morrendo pelo gás 80 anos depois, crianças degoladas, mulheres mortas enquanto eram violentas de maneira quase necrófila, mutiladas e seus seios cortados e exibidos como prêmio. Você tem o direito e o dever de combater os assentamentos na Cisjordânia, você tem o direito de o dever de denunciar violações dos direitos humanos em gaza, mas se você, meu amigo, minha amiga, defende o Hamas, saiba que você não é Palestina Livre, você defende a barbárie, a morte e o seu próprio fim, porque pelo modo de vida que você leva no Brasil, gay, feminista, de esquerda, você não duraria um dia com o Hamas e teria o mesmo fim que as vítimas de Israel.
#PAZAGORA