Nascido da brincadeira, semi-profissionalizado e cheio de promessas: conheça o time feminino do Imperial FC

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Rosangela Bortolaz/Imperial FC

Quando falamos em futebol feminino no estado do Paraná, alguns talvez se lembrem do Foz Cataratas, atualmente na primeira divisão. Mas é muito provável que venha à mente da maioria das pessoas o Novo Mundo FC, clube amador da capital que durante algum tempo manteve uma equipe feminina participando de algumas das principais competições nacionais.

 

O auge do Novo Mundo FC foi em 2009, quando chegou às quartas de final da Copa do Brasil e enfrentou o Santos de Marta, Cristiane em companhia. Na ida, derrota por 2×1, mas a partida ficou marcada na história, não só pelas dificuldades que a equipe curitibana impôs às Sereias do Santos, mas pelo evento que foi, com cerca de 8 mil pessoas no Couto Pereira empurrando as meninas. O Novo Mundo acabou eliminado, mas continuou suas atividades por algum tempo, antes da interrupção por falta de verba.

 

Desde então, o futebol feminino paranaense sofreu, principalmente na capital. Mas, novamente, um clube amador dá esperança à modalidade. O Imperial estará na disputa do campeonato estadual em 2019. A equipe esteve presente também em 2017 e 2018.

 

Conversamos com a treinadora Rosangela Bortolaz,  , que nos contou como surgiu a ideia e as primeiras atividades do futebol feminino Tricolor.

Rosangela Bortolaz/Imperial FC

            O início:

“A gente tem o futebol feminino aqui no Imperial faz 5 anos. A gente começou com uma ideia do presidente, que já tinha o campo, e ele sempre teve a vontade de ter o futebol feminino aqui nos times amadores em Curitiba. Então, um certo dia que eu encontrei ele, eu falei pra ele que eu tinha as meninas disponíveis pra jogar, e ele tinha o campo de futebol.”

 

“Ele abriu as portas pra gente, a gente veio começar a treinar, mas veio poucas meninas interessadas no futebol há cinco anos, com idade entre 20 e 25 anos, a maioria entre amigas. E assim foi indo, foi feito um futebol meio que de brincadeira, mas a gente foi evoluindo, até que esse time resolveu entrar no campeonato metropolitano (2015), o primeiro que a gente disputou”.

 

A partir da primeira competição oficial, o clube começou a imaginar a possibilidade de participar do campeonato estadual. “em 2016 a gente ficou só treinando e fazendo amistosos. Mas treinamos, mesmo. Aí eu vi que havia muita possibilidade de desenvolver um futebol feminino aqui no Imperial, mas até então não tinha nem ideia de fazer com meninas mais novas. Eram meninas entre 20-25, até 30 anos.”

Bortolaz/Imperial FC

            O Crescimento:

“Em 2017 a gente teve a participação no torneio de desenvolvimento no Rio de Janeiro, com as categorias de base sub-14 e sub-16, e a primeira participação no campeonato paranaense, que foi uma iniciativa do Foz Cataratas, que  precisavam muito do campeonato, parado há um tempo (o torneio não foi realizado em 2015 e 2016 por falta de inscritos).”

 

“Eles precisam muito, porque tem muitos patrocinadores envolvidos. Eles conversaram conosco, nos ajudaram oferecendo hospedagem e alimentação no alojamento deles, foi bem legal. O Toledo também fez a mesma coisa, e a gente teve bastante ajuda pra poder alugar um ônibus. Aí a gente fez esse triangular”.

 

O Foz foi campeão em 2017 e 2018, ano em que o Grecal se juntou a Imperial, Toledo e Cataratas. Em 2019, também serão quatro times, mas com o Londrina no lugar das campo-larguenses. Rosangela acredita que em 2020 mais equipes vão participar.

Rosangela Bortolaz/Imperial

            As atletas:

O elenco do Imperial cresceu. Se no início eram poucas, hoje o time conta com 40 jogadoras nas categorias de base e 45 no profissional. “o futebol é assim, uma atrás da outra. Vai vindo meninas mais novas, e indicação… E como a gente tem um Instagram que tem bastante movimentação, a visualização é grande, aí a procura é grande também.”

 

E a maior aposta é na base. Duas jogadoras já estarão disputando o estadual com o elenco principal. Talento não falta. A atacante Iasmin vai para uma última série de testes. Se passar, deixa o Imperial rumo ao Morumbi, onde vestirá a camisa do São Paulo.

Rosangela/Imperial

A atacante de 17 anos chegou no clube em fevereiro desse ano por indicação. Passou a infância atuando pelas quadras de futsal antes de receber a proposta para jogar nos gramados, agora a poucos passos de estar em uma equipe de primeira divisão nacional.

 

Perguntada se está animada para esta nova etapa, ela respondeu: “muito. Por ser um time grande e reconhecido. A vontade de mostrar o futebol é Sempre maior, mas independente do clube.”

 

Mesmo com o possível desfalque da centro-avante, as tricolores podem ficar tranquilas. Algumas promessas ficam. Uma delas é Tatieli. A zagueira de 15 anos é a mais nova do Imperial que vai para o campeonato paranaense. E se tem uma coisa que ela faz muito é treinar.

 

A prática da defensora é todos os dias. Além do futebol no Imperial, Tatieli participa do time de fut7 do Paraná. E como se não bastasse a correria dentro das quatro linhas, ela ainda precisa conciliar tudo isso com os estudos.

 

“tem que ser bem organizada. Eu fiz um processo seletivo no Instituto Federal e passei. Daí toda quarta-feira eu estudo o dia inteiro. Eu tenho 17 matérias no total. Daí tem que conciliar bem. Como praticamente eu treino todos os dias [juntando as práticas no Imperial e no Paraná].”

Outra destaque do elenco é a meia Ana Cuiabá. Como o apelido sugere, ela veio da capital mato-grossense para jogar pelos tricolores do Mossunguê e da Vila Capanema. Aliás, ela já está bem acostumada com o futebol paranaense. “Eu sou de Cuiabá, e lá tinha a escolinha do Athlético. Daí eu treinava lá. Daí eu vim pra Curitiba, to treinando no Imperial e no Paraná”.

 

“Eu treinava na escolinha do Athlético junto com os meninos. Daí um cara me viu e disse que eu jogava muito bem, mesmo entre os meninos. E como lá não tem muita oportunidade, ele disse que eu tinha que vir pra cá. Daí minha família e eu decidiu vim.”, falou a jogadora.

            A estreia:

O campeonato paranaense começa dia 7 de setembro. O Imperial estreia fora de casa contra o Toledo, no 14 de Dezembro. O primeiro jogo no Octávio Silvio Nicco é contra o Foz Cataratas, dia 15, domingo, às 15h.

 

Você pode ajudar o Imperial a garantir os recursos financeiros para a disputa do estadual clicando neste link