Não tenha medo. É preciso coragem


Grupo Dario Julio & Os Franciscanos retorna com novo single, em diálogo com o horror da pandemia e os novos/velhos dramas existenciais

O psicólogo estadunidense Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) defendia a possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano. Para ele, o livre arbítrio era uma ilusão. Já o escritor curitibano Jamil Snege (1939-2003), tão sensível quanto irreverente, alertava para a ilusão do controle: “O destino é nocivo à tribo; a carreira é nociva a você”.

O choque de ideias distintas produziu esta obra mais acessível, em um diálogo com o contexto pandêmico no qual o mundo vem vivendo há quase dois anos. O resultado está nas redes: É Preciso Coragem, primeiro single do segundo álbum de Dario Julio & Os Franciscanos.

A canção é o cartão de boas-vindas de Suíte Bipolar em Dó Maior, título do novo disco. Dario Julio & Os Franciscanos têm nome de banda, mas é um projeto solo do cantor e compositor Dary Esteves Jr. (Terminal Guadalupe, Esteves & Nadal).

“No disco de estreia, O Menino Velho da Fronteira, a estética era de radinho de pilha, anos 1970, uma trilha sonora de reminiscências. Agora, o salto é de duas décadas, mais rock alternativo”, diz o cantautor pantaneiro radicado em Curitiba — Dary é natural de Corumbá.

Bruno Sguissardi, da banda Anacrônica, produziu o álbum e tocou piano, teclado, guitarra e baixo. A bateria ficou a cargo de Ivan Rodrigues, figura onipresente do instrumento na cena local. Mixagem e masterização são de Fábio Della. É Preciso Coragem sai com um lado B, a balada belchioriana Phillip Long Blues. A chegada de Suíte Bipolar em Dó Maior, uma obra em seis peças, todas compostas por Dary, está prevista para julho.

Outros projetos

Ao lado de Paulo de Nadal, da banda Mordida, Dary lançou em 2020 a dupla Esteves & Nadal, pop de refrão ensolarado. O primeiro disco cheio sai ainda em 2021. Terminal Guadalupe, sua banda mais conhecida, extinta em 2011, volta com um álbum de músicas inéditas no ano que vem. A gravação começa em breve e será remota: exceto Dary, todos os integrantes moram na Europa.

Após o encerramento das atividades do Terminal Guadalupe, Dary foi viver em Brasília, exercer sua outra profissão — jornalista —, pela qual também é reconhecido com bastante distinção. No planalto central, entre outras atividades, apresentou um programa musical.  “O grande lance de Brasília foi ter feito o Refrão, o programa de música da TV Justiça, do STF, que me permitiu entrevistar grandes artistas. João Donato, Toquinho, Di Mello, Pepeu Gomes, Armandinho Macedo, Paulinho Moska, Oswaldo Montenegro, Phillipe Seabra, Guinga, muita gente boa”, declara o compositor.

Artista pensante das coisas do Brasil, Dary ampliou sua rara visão periférica, acrescentando na bagagem retratos muito bem batidos, de vivência. “A estada na capital federal ajudou a conhecer melhor as engrenagens do poder, afinal, trabalhei no Congresso, no STF e no governo do Distrito Federal. Uma hora parado no corredor onde funcionam as comissões da Câmara dos Deputados te dizem mais do que anos de faculdade”.

Planos para uma terra redonda

A carreira de Dary Esteves Jr. já passa de duas décadas. Desde 2000 na ativa, quando apresentou ao público sua Fábula Tirana, primeira banda nos pinheirais, depois a Lorena Foi Embora. Em seguida, o grande êxito do Terminal Guadalupe, um supergrupo que alcançou o mainstream como pouquíssimos nomes daquela geração da primeira década do século. Época em que houve o trânsito definitivo para o mp3, novos procedimentos no relacionamento com as gravadoras e os métodos de produção. Tempos que viraram o mercado de cabeça para baixo.

Sobre os rumos para o artista já nestes anos 20, Dary é enfático: “A ambição de ‘viver de música’ era maior quando jovem. Hoje, uma centena de canções gravadas depois, a meta é me manter produtivo. A indústria, o mercado, o público, tudo mudou. Não sou capaz de apontar caminhos, mas intuo que o ‘micronicho’ seja uma opção. Seria feliz se pudesse tocar para 200 pessoas em cada cidade por onde pretendo passar após a pandemia. O ‘mainstream’ foi pulverizado. Foi interessante ter flertado com ele, abrir para Marcelo D2, para o Placebo, negociar com gravadora multinacional, destaque em revistas, enfim, são boas recordações”.

O músico pretende tocar seus três projetos em paralelo, com ênfases diferentes para cada um. “Com Dario Julio & os Franciscanos e Esteves & Nadal, certamente vamos rodar o país. Se a Europa permitir — pois dependo do controle da pandemia no Brasil e de ser imunizado com uma vacina aceita lá — gostaria de tocar com o Terminal Guadalupe em alguns países no ano que vem. O disco será gravado em vários idiomas, o que deve ampliar o alcance do álbum. Os outros integrantes moram em Portugal e na Alemanha. Os interesses convergem”, arremata.

A capa do single tem arte de Kássio Guaraná. Ouça o novo trabalho de Dario Julio & os Franciscanos no link abaixo:

https://tratore.ffm.to/eprecisocoragem

Foto: Leticia Tullio

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