MULHERES NA PANDEMIA – EPISÓDIO 3 – MULHERES ANTIFASCISTAS

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No domingo 31/05/2020 assistimos a uma série de manifestações no Brasil, em plena Pandemia da COVID-19. Em São Paulo, torcidas de times de futebol tradicionalmente rivais levaram bandeiras antifascistas para a Av. Paulista. Palavras de ordem antirracistas também ecoaram em diversas capitais. As manifestações pacíficas foram fortemente reprimidas pela polícia militar, utilizando bombas de gás e efeito moral, e balas de borracha, sob o argumento de evitar o confronto com apoiadores de Jair Bolsonaro. Que razões levaram essas militantes a exporem seus corpos? Qual o papel das mulheres na organização desses atos? O que elas têm a dizer a respeito da desigualdade de classe social e do racismo estrutural no modo de viver a quarentena e o isolamento social? Essas e outas questões serão debatidas com nossas convidadas, jovens militantes que estiveram nas manifestações de domingo. Amanda Capel é Cientista Social pela USP, servidora pública da USP Julia Maia é estudante de Ciências Sociais da USP e militante do movimento Juntos.

mais sobre o projeto:

Para a Psicanálise, Mulher não é uma essência ou uma categoria universal. Afinal, como já dizia Simone de Beauvoir, não se nasce mulher, torna-se. Mas isso não impede que existam mulheres e que, em sua multiplicidade, elas possam fazer constelações e redes. Uma palavra que ainda nos soa estranha, sororidade, diz dessa solidariedade entre mulheres, a ser construída e sustentada a partir da diversidade.

Como as diferentes mulheres estão passando pela pandemia da COVID-19? Essa é a pergunta que move essa iniciativa. No Brasil, quase 30 milhões de famílias são chefiadas por mulheres, embora elas sejam, em sua maioria, trabalhadoras informais. Desde o início da quarentena houve um grande aumento de casos de violência doméstica e abusos. A casa, “lugar da mulher” no imaginário da classe média e no senso comum, revela-se o lugar mais perigoso para as mulheres. Por outro lado, a maior parte das pessoas que trabalham na área da saúde são mulheres, muitas delas chefes de família e mães. A pandemia, bem como a necessidade da quarentena, revelou uma rede de cuidados invisível sustentada por mulheres, sem a qual a sociedade não poderia funcionar do modo como estamos acostumados. São mulheres de classes mais favorecidas, que dependem de outras mulheres para trabalhar fora e cuidar de suas carreiras. Essas, por sua vez, para cuidarem das casas e filhos das primeiras precisam das avós, vizinhas ou creches e escolas públicas, com suas cuidadoras e professoras.

O que pensam essas mulheres? Que experiências podem compartilhar? Como podem tornar mais visível essa rede de cuidados, de modo que seja mais valorizada no mundo pós-pandemia? Como as vozes silenciadas das mulheres podem ser escutadas? Como seus corpos, em sua especificidade, estão vivendo esse momento? Como é ser mãe, adolescente, amante durante a pandemia? Como mulheres idosas estão lidando com essa situação? Essas e outras questões serão debatidas com nossas convidadas. Venha participar dessa conversa com a gente! Queremos saber o que estão se virando e o que estão inventando as mulheres na pandemia!

A iniciativa é da Ana Laura Prates, psicanalista, escritora e editora. Autora, dentre outros, de “Feminilidade e experiência psicanalítica”. Membro da Escola e Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano, pesquisadora da UNICAMP e colunista do Jornal GGN. É mãe de Gabriel e Luiza, e da Margarete Pedroso é procuradora do Estado de São Paulo. Membro da Comissão de Direitos Humanos OAB-SP e conselheira do Conselho Estadual da Condição Feminina – SP. Mãe de Stéphanie e Caroline.