Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 77,8% das exportações brasileiras para os Estados Unidos — principal destino da indústria de transformação nacional — estão sujeitas a tarifas adicionais impostas durante o governo Donald Trump.
As sobretaxas, que variam de 10% a 50%, incluem as previstas na Seção 232 do Trade Expansion Act e afetam especialmente aço, alumínio, cobre, veículos e autopeças. Entre os setores mais impactados pela alíquota combinada de 50% estão vestuário e acessórios (14,6%), máquinas e equipamentos (11,2%), têxteis (10,4%), alimentos (9%), químicos (8,7%) e couro e calçados (5,7%).
A gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, alerta que o aumento das tarifas pode gerar prejuízo de R$ 20 bilhões ao PIB brasileiro e a perda de cerca de 30 mil empregos na indústria. O estudo foi elaborado com dados da United States International Trade Commission (USITC), usando o código tarifário norte-americano em nível detalhado.
Diante desse cenário, o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, defende a urgência de um plano de contingência por parte do governo brasileiro, comparando sua importância às medidas adotadas durante a pandemia. O setor de máquinas e equipamentos responde por 20% dos US$ 18 bilhões em exportações afetadas. Apesar de algumas isenções, a tarifa de 50% ainda se aplica em diversos casos, além da já existente alíquota de 10% anunciada em abril.
Para reduzir o impacto, a CNI apresentou oito propostas ao governo, incluindo linhas de crédito subsidiadas, ampliação de prazos para contratos de câmbio e pagamento de tributos, possibilidade de exportação com preços abaixo do valor de mercado (dumping), e a reativação do Programa Seguro-Emprego (PSE). Segundo o presidente da entidade, Ricardo Alban, as medidas visam preservar a competitividade das empresas, evitar perdas maiores e garantir a continuidade das operações internacionais.