LETRUX – 20 ANOS ALTERNATIVA
STAGE GARDEN – CASA DE SHOWS
Curitiba/PR – Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Entre a diversão e a homenagem
Como uma boa caprica (5/1), Letícia Novaes é tragicômica, simpática e ranzinza, impostada e maloqueirinha, expressiva e apaixonante. Filha de mãe reikiana e pai médium da umbanda, ela adora astrologia.
Antes de decolar do Hell de Janeiro, a carioca papo reto compartilhou nos stories as bolsinhas de água quente que tavam separadas, pra não passar perrengue com a agenda no frio do sul: Curitiba (30/5) e Porto Alegre (31/5).
O espaço escolhido pra aterrisagem do novo show Letrux 20 Anos Alternativa por aqui foi o Stage Garden, que até pouco tempo atrás, era o endereço do CWB Hall, aqui no Parolin – o espaço mais perto aqui do meu bunker no Xaxim, zona sul da cidade fria e cinza.
Fui em muitos shows por curiosidade desde os anos 80/90 d’Os Replicantes a Camisa de Vênus, de Nei Lisboa a Jorge Mautner, de Pato Fu a Patife Band, d’Os Mulheres Negras a Kleiton & Kledir, de Cássia Eller a Tulipa Ruiz, de Violins a Los Porongas, de Xênia França a Luedji Luna, etc. Com minha lua em Gêmeos, sempre voltava pra casa colado em alguma identificação desse povo, filtrando o que me tocava e descartando o que me futilizava. A arte e a espiritualidade sempre andaram de mãos dadas na minha vidinha de consumidor.
“Entra, mas não fica à vontade”
O show tava marcado pras 23h30, cheguei uns 15 minutos antes porque sabia que não haveria banda de abertura e fiquei de butuca no som mecânico: Realce – Gilberto Gil; Negro Gato – Luiz Melodia; Divino, Maravilhoso – Gal Costa. Agora com ar-condicionado, a casa virou meu bate-cartão dos próximos meses, pra conferir os shows de Rogério Skylab, Vanguart, Moptop, etc.
Reencontrei por lá as irmãs Farions, que não dão ponto sem nó com a @eulaliamanual, e entre um chopp e outro, alguns minutos antes do início do show, as luzes da casa se apagam, pontualmente às 23h30 a banda já tava posicionada no palco e logo às 23h33 o show começou! Um raro e bem-vindo respeito com o público e com esse senhor curioso que saiu de casa apenas pra conferir qual é.
No show, Letícia Novaes homenageia artistas e bandas que despontaram nos anos 2000 e 2015 (um pouco antes do golpe na Dilma), fizeram o “mela cueca-molha calcinha” Brasil afora em casas de shows e festivais, naquela vibe nova mpb-indie-rock-pop-etc. Achei digno escolher o repertório a partir do lado b dos homenageados!
Consegui uma foto do set-list com o iluminador (ou era técnico de som?) prestativo e transcrevi aqui pra resenha:
1). Mar ao Fundo – Ava Rocha
2). Efêmera – Tulipa Ruiz
3). Bubuia – Céu
4). Lamento – Posada
5). Dê – Cérebro Eletrônico
6). One Day – Anelis Assumpção
7). Compacto – Curumin
8). Cobra Rasteira – Metá Metá
9). Coração Gigante – Quinhones
10). Vicente – Bruno Capinan
11). Romântico – Binario/Tempo de Pipa – Cícero
12). Toda Bêbada Canta – Silvia Machete
13). Homem Velho – Cidadão Instigado
14). Tranquila – Thalma de Freitas
15). Deixe-se Acreditar – Mombojó
16). Me Sara – Tono/Ciranda do Incentivo – Karina Buhr
17). Alala – Cansei de Ser Sexy
18) Moon – Thiago Pethit
19). Cavalo – Noporn
20). Potência – Letuce
21). Vai Render – Letrux
Navalha Carrera (guitarra e t-shirt Siouxsie and the Banshess), Thiago Rebello (baixo), Arthur Braganti (teclados), Lourenço Vasconcellos (bateria) e Jessica Zarpey (percussão) compõe a banda com punch, malemolência, sintonia, entrosamento e diversão.
Com 7 discos gravados (1 com os Letícios, 3 como Letuce e 3 como Letrux), a serpela de 1,85cm (1cm a mais que eu ahahah) é cantora, compositora, atriz, escritora e poeta de 3 livros: Zaralha – Abri Minha Pasta (Poemas – 2015), Tudo que já Nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas (Textões, poemas e aforismos – 2021) e tá chegando o Brincadeiras à Parte (Contos – 2025).
Ter saído de casa especificamente para ir nesse show e ter voltado a fim de conhecer mais do trabalho da Letrux é o presente que a “nova” música popular brasileira nos oferece. Há muita gente reclamando de que não tem mais qualidade musical nas rádios, mas, discordo e sugiro que você leia a resenha anterior COOLRITIBA SUPERBACANA, onde descrevo o quão está diferente o cardápio e o acesso a novos sons.
Até a próxima, que provavelmente será sobre o show do Vanguart!
Por Getulio Guerra – o resenheiro
Fotos: @katja_taeubert (as do show) e as restantes são Divulgação