Em 2004, o Atlético fazia uma campanha histórica no Campeonato Brasileiro. As 25 vitórias, 93 gols e um futebol de muita classe deixou o clube com o vice-campeonato nacional daquele ano. Poderia ser um título, se um empate com o então praticamente rebaixado Grêmio não abalasse a equipe.
De qualquer forma, aquele elenco comandado por Levir Culpi encantou o Brasil. E o vice-campeonato deu o direito ao Furacão de disputar a Copa Libertadores de 2005.
As mudanças
Levir Culpi deixou o comando técnico ao fim da temporada. Também saíram Washington, que foi para o Tokyo Verdy; Jadson, transferido ao Shakhtar Donetski; e o zagueiro Marinho, contratado pelo Corinthians.
Para o lugar de Jadson, o clube trouxe Lima, meia ex-Coritiba que estava atuando no Braga. O jogador, pertencente ao Cruzeiro, não estava nos planos da raposa em 2005. Para a vaga de Washington veio Aloisio, emprestado pelo Rubin Kazan, da Rússia; por fim, entre as principais contratações, chegou o zagueiro panamenho Baloy, carrasco rubro-negro no empate com o Grêmio em 2004.
Para o comando técnico, foi trazido Casemiro Mior. Mior treinava o Nacional da Ilha da Madeira, de Portugal. Teve destaque ao classificar a equipe à Copa da UEFA, terminando o Campeonato português na 4ª posição. O treinador já havia passado por clubes do interior do Rio Grande do Sul, além de ter tido uma experiência de quatro anos no futebol chinês. Era um profissional em ascensão.

O começo da caminhada
No Campeonato Paranaense, os resultados foram satisfatórios. O Rubro-negro passou em primeiro no seu grupo, com 8 vitórias, 5 empates e uma derrota. Na Libertadores, porém, não só os resultados, mas o desempenho preocupava.
Na primeira rodada, o Furacão visitou o Indepiendente Medellín, da Colômbia. Após abrir 2 a 0 com Marcão e Dênis Marques, o Atlético permitiu o empate nos últimos minutos, com um gol aos 38 e outro aos 45 do segundo tempo.
Em seguida, o rubronegro recebeu o Libertad, do Paraguai. Venceu por 1 a 0, mas a atuação, especialmente do setor defensivo, preocupou a torcida, principalmente depois do gol de Maciel.
Na terceira rodada, o Atlético foi derrotado pelo América de Calli por 3 a 1, fora de casa.
A campanha ia aos trancos e barrancos na competição continental, e o desempenho no Campeonato Paranaense era visto da mesma forma. O Furacão chegou à final do estadual contra o Coritiba, mas já havia um grande descontentamento com o trabalho de Mior. Então, ou ele vencia o Campeonato Paranaense, ou era mandado embora.
Mas nem essa paciência a diretoria atleticana teve: Após a derrota por 1 a 0 para o Coritiba no jogo de ida, o clube anunciou a demissão do treinador. Edinho (aquele) assumiu na mesma semana. O Atlético conseguiu uma vitória diante do América de Calli na Libertadores, e o título paranaense ao vencer o Coritiba no tempo normal e nas penalidades máximas.
Edinho completou a trinca no comando técnico com o triunfo pra cima do Libertad do Paraguai, fora de casa, pelo placar de 2 a 1. Mas foi só isso.
Nas três semanas seguintes, o Furacão passou por uma fase tenebrosa, com quatro derrotas consecutivas. A última delas aconteceu contra o Indepiendente Medellin. Em plena Arena da Baixada, a equipe colombiana goleou o Rubro-negro, 4 a 0. Edinho foi mandado embora um dia após o vexame. O Atlético jogava mal, e demitia o segundo treinador em cinco meses de temporada.

Porém, estava classificado para as oitavas de final, graças à vitória do já eliminado Libertad sobre o América de Calli. O adversário seria outro paraguaio: Cerro Porteño.
O duelo
No jogo de ida, o Furacão conseguiu uma vitória magra, 2 a 1. Lima completou de cabeça um cruzamento de Rodrigo para abrir o marcador; o Cerro empatou com Julio dos Santos (sim, aquele, que futuramente vestiria a camisa atleticana); mas o rubro-negro fez o segundo com Cléo, após cruzamento de Lima.
Vale destacar que Cléo e Rodrigo foram inscritos a partir das oitavas de final, quando a Conmebol permitia a relação de outros três jogadores.
Borba Filho, olheiro do Atlético, esteve no comando da equipe naquele dia. Na mesma semana, o clube anunciaria a contratação de Antonio Lopes. Mas Borba seria o treinador no jogo de volta, no General Pablo Rojas.
Em 26 de maio de 2005, uma quinta-feira, o Furacão visitava o Cerro Porteño. Antonio Lopes assistia das tribunas. O Atlético iria encarar um estádio lotado, com os torcedores esperançosos de ver gols de Santiago Salcedo, então artilheiro daquela Libertadores com 8 gols.
Borba Filho mandou a campo Diego; Jancarlos, Baloy, Marcão (Durval) e Marín; Alan Bahia, Cocito, Rodrigo (Evandro) e Fabrício; Cléo e Lima (Aloísio).
Gustavo Costas escalou Aceval; Baez, Sarabia, Espínola e Martínez; Fretes (Inca), Grana, Domingo Salcedo e Dos Santos; Salcedo e Ramirez.
A partida começou extremamente movimentada. Logo aos 6 minutos, Julio dos Santos recebeu cruzamento vindo da esquerda, dominou dentro da área, driblou Marcão e Cocito e tocou na saída de Diego para fazer 1 a 0.
Porém, logo o Furacão conseguiu o gol de empate. O zagueiro Espínola se atrapalhou e deu um chapéu de cabeça no próprio goleiro do Cerro; Lima aproveitou a falha e mandou para o fundo das redes.
Mas o clube paraguaio era melhor na partida. Teve algumas chances antes de Salcedo receber lançamento pela direita, dentro da área, e chutar forte para desempatar o marcador.
Na segunda etapa, o Cerro Porteño continuou melhor. Na primeira oportunidade, Fretes cobrou falta, Diego desviou e a bola bateu no travessão. Em outra chance, aos 24 minutos, Ramirez aproveitou cruzamento pela direita e novamente balançou a trave de Diego.
O melhor lance do Atlético foi aos 32 minutos. Após cruzamento da esquerda, Evandro tentou cabecear por cobertura, e quase classificou o rubro-negro no tempo normal.
O empate em 3 a 3 no agregado forçou as penalidades máximas. Inca acertou para o Cerro, mas Alan Bahia empatou; Grana converteu a segunda cobrança, assim como Fabrício; Dos Santos e Baloy acertaram seus respectivos pênaltis; o mesmo ocorreu com Sarabia e Marín.
Para a quinta penalidade, o artilheiro e o reserva se dirigiram à marca da cal. Salcedo, autor de nove gols na Copa Libertadores, manteria o Cerro na disputa. Manteria. O atacante foi parado por Diego. Evandro teve nos pés a chance de classificar o Furacão pela primeira vez às quartas de final da Libertadores. Ele não desperdiçou.
No agregado, 3 a 3; nos pênaltis, 5 a 4. O Atlético Paranaense, pela primeira vez, estava nas quartas de final da Libertadores da América. E queria dar um passo ainda maior. Só uma coisa preocupava: O próximo adversário rubro-negro seria o então atual campeão brasileiro Santos.