Fora Nazismo!


Brasil, Brasil, Brasil, talvez sejas tu essa coisa que aparentemente fora escrita, essa mistura de Franz Kafka com Garcia Marquéz, és o país que tem o antídoto aos cartesianos, analistas, compassivos e joga por cima de ti e todo o povo figuras canhestras que miram o poder e nada mais. 

Eu me lembro, na infância, a história do pai de uma vizinha que era nazista, a família, depois do velho ter morrido, queimou os uniformes, fotos e livros, me lembro que arregalava os olhos para isso, sempre me assustou a possibilidade disso ocorrer no meu bairro, minha cidade, meu país.

Hoje em dia, confesso, que tinha me acostumado com o medo, com a arrogância ignória de pessoas que veem a hegemonia como algo suficiente para transformar tudo que está errado segundo afirmam, é triste, os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela qualidade, mas pela quantidade, eles são muitos, eles têm a ignorância ao lado.

Diante dos nossos olhos estamos vendo aquilo de pior que a humanidade pode construir, o silêncio vazio de Bolsonaro, apoiando tacitamente a balbúrdia criminosa, uma marcha infame que parte das rodovias até ao pátio de colégios particulares país afora, vemos um lado se impondo pela truculência assustadoramente burra e irresponsável.

Normalmente esse assunto costumava passar reto sem se colocar como algo que deveríamos realmente olhar, de um lado 60.345.999 e do outro 58.206.354, do lado vencedor, muita gente reprimida bailando um carnaval fantasma, empunhando bandeiras do Hamas como símbolo de uma esquerda na resistência, sem se dar conta que o Hamas é de direita, sem se dar conta que o outro lado ainda vive. No lado perdedor, derrotado, legitimamente não-eleito, um recalque uma tentativa de descrição de um país nojento e mesquinho, de um país alinhado com o que o mundo tem de pior, produzimos o pior tipo de nazismo, um nazismo na sombra da ignorância evangélica e disruptiva, reacionária e tarada.

Esse adjetivo pesa como a essencial descrição dos proto-nazistas que ocupam estradas e portas de quartéis, que com o peso da mentira jogam ao país o domínio imaginário das relações familiares e políticas, fissurados em sexo e no falocentrismo armamentista, infelizmente a grande questão é que temos medo, eles ocupam nossa mente, são fanáticos, sem coragem e covardes, seguem o seu “Jim Jones” tupiniquim fantasiados de craques da seleção canarinha.

Pálidas figuras, pálido país, pálido imaginário, o dia dos mortos serve como anedota para todos eles.