Festival de Curitiba abre espaço para um Brasil plural e em movimento


Saiba quais são os espetáculos e os espaços da Mostra Lúcia Camargo e entenda como a maior mostra das artes cênicas no país se esparrama pela cidade

Toca o primeiro sinal!

Preparem-se. O espetáculo vai começar! As cortinas de mais de 60 espaços vão se abrir para o Festival de Curitiba. De segunda-feira, 27, ao próximo 9 de abril, mais de 1.000 atores, dançarinos e performers subirão aos palcos da cidade que se torna sinônimo da palavra “teatro” durante 13 dias. Serão cerca de 350 atrações profissionais e amadoras, compondo mais uma vez o maior painel das artes cênicas brasileiras que acontece há 31 edições.

O trio de curadores da Mostra Lúcia Camargo de 2023 – Daniele Sampaio, Giovana Soar e Patrick Pessoa – anuncia que os 32 espetáculos principais representam “toda a pluralidade da produção teatral contemporânea”. Segundo eles, o trabalho de quatro meses para a seleção começou “em um Brasil e terminou em outro”, refletindo “as tensões e atravessamentos” do momento histórico. Não por menos a programação se esforça claramente em apresentar a diversidade de um Brasil plural e em movimento.

As peças de teatro e de dança da mostra principal do Festival de Curitiba serão distribuídas em seis casas – Guairão, Guairinha, Reitoria, Sesc da Esquina, Zé Maria e Casa Hoffman – e três espaços alternativos (Santos Andrades, MON e Dizzy Café). A novidade é a Mostra de Solos, com cinco apresentações únicas na Casa Hoffman. A dramaturgia contemporânea divide a programação com peças mais tradicionais, mas ambos os estilos se encontram nas temáticas nitidamente ousadas e provocadoras.

Toca o segundo sinal!

Senhoras e senhores, tomem os seus lugares. Porque “O Festival para Todos” abre espaços para todos os gostos, estilos e gêneros. Mas é preciso levar em consideração a limitação de lugares das casas de espetáculo. Por isso, é bom correr. As vendas de ingressos têm sido recordes e o Festival começa com 18 sessões da Mostra Lúcia Camargo esgotadas. A melhor forma de se organizar e visualizar a imensa programação é pela revista oficial, distribuída no ponto de venda de ingressos no Shopping Mueller e nos espaços dos espetáculos.

O Festival de Curitiba é composto por mais quatro mostras paralelas. Neste ano, acontece o retorno presencial da mostra Fringe, com seus mais de 250 espetáculos. O Fringe é o espaço democrático do Festival de Curitiba, cuja seleção não passa pelo crivo de curadoria. Grupos e companhias de teatro, circo, dança e de outras vertentes de todo o Brasil e outros países recebem o apoio logístico para que se apresentem em dezenas de espaços de Curitiba e Região Metropolitana. O Fringe abrange programações de espetáculos de rua, mostras e um circuito independente.

O Risorama é a maior mostra nacional de stand-up e há 19 anos reúne os melhores profissionais do gênero. As apresentações acontecerão de 30 de março a 4 de abril, no ViaSoft Experience, na Universidade Positivo, na CIC.  Os ingressos são concorridíssimos. Nesse mesmo espaço, nos dias 8 e 9 de abril, acontece a mostra MishMash que agrupa atrações circenses e performances com artistas brasileiros e estrangeiros. Nos dois finais de semana durante o Festival, o Teatro Bom Jesus, no Centro, será palco da mostra Guritiba, com espetáculos para a criançada.

A movimentação do Festival de Curitiba envolve ainda o Interlocuções que apresenta uma agenda de encontros temáticos com palestras, oficinas e debates para profissionais, estudantes e amantes das artes. A programação fecha com o Gastronomix que é o ponto de encontro para uma festa gastronômica e musical no fim de semana dos dias 1º e 2 de abril, no Jockey Eventos (Tarumã).

Toca o terceiro sinal!

Por favor, façam silêncio e desliguem os celulares. Quando a mestre de cerimônia da abertura do Festival de Curitiba, a atriz Marisa Orth, subir no palco do Guairão, na noite desta segunda-feira, 27, será o momento em que a capital do Paraná deixará os hábitos provincianos de lado para incorporar o território metropolitano mais cosmopolita do país por duas semanas. A capital brasileira do Teatro irá celebrar a resistência das artes e da cultura, com hotéis, bares e restaurantes lotados.

O espetáculo de estreia não poderia ser mais representativo da diversidade a que se propõe a Mostra Lúcia Camargo deste ano. O grupo peruano Teatro La Plaza traz artistas adolescentes e adultos com Síndrome de Down para uma releitura do clássico “Hamlet”, de Shakespeare. Em mais sete espetáculos, é perceptível a preocupação de reunir atores que tenham origem ou vivam nas condições em que as personagens são apresentadas. Neles, a diversidade deixa de ser apenas temática para protagonizar o próprio espetáculo.

Com vieses ativistas explícitos e com causas que pautam os debates da atualidade, esses espetáculos garantem o apelo político no Festival de Curitiba. Seguem essa linha os espetáculos “Adoráveis transgressões” e “Brenda Lee e o palácio das princesas” (LGBTQIA+), “Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos” (periferias), “Eu tenho uma história que se parece com a minha” (família), “Karaíba” (indígenas), “O que meu corpo nu te conta” (preconceitos) e “Square” (urbanidade), espetáculo da Holanda que estreia no evento.

A dança estará presente com os espetáculos “c h ãO” (Improvável Produções), “Primavera e Breu” (Grupo Corpo) e “Matéria Escura” (Grupo Cena 11). As dramaturgias experimental e contemporânea são os estilos dos espetáculos “A Invenção do Nordeste”, “Desfazenda-me ou enterrem fora desse lugar”, “Enquanto você voava, eu criava raízes”, “Ficções”, “Prot{agô}nistas”, “Stabat Mater” e “Tragédia”.

Com formatos mais convencionais, sobem ao palco os espetáculos “E.L.A.”, “Gaslight, uma relação tóxica”, “Intimidade indecente”, “O Bem Amado Musicado” e “Tartufo”. Os cinco espetáculos da Mostra Solos são “Arqueologias do futuro”, “Experimento concreto”, “O grande dia”, “Reencarnação’ e “Vienen por mí”. Entre as atrações, atores com fama nacional que atuam em novelas estarão no Festival de Curitiba, como Vera Holtz, Marcos Caruso e Eliane Giardini.

Curitiba estará representada por quatro produções significativas: “O tempo e a sala”, em homenagem ao diretor Marcelo Marchioro, com a atriz Simone Spoladore; “Ovos não têm janelas”, do saudoso Manoel Carlos Karam e direção do iluminador Beto Bruel; “Sonho de uma noite de verão”, com a releitura de Maurício Vogue para Shakespeare; e o monólogo “Sobrevivente”, segunda parte da trilogia iniciada com “Para não Morrer”, de 2019, que rendeu a Nena Inoue o prêmio Shell de Melhor Atriz. A já citada peça “Adoráveis Transgressões” também é de Curitiba.

É este o panorama do Festival de Curitiba. A programação, notícias e eventos paralelos poderão ser acompanhados pelo site www.festivaldecuritiba.com.br, e pelas redes sociais: @fest.curitiba (Facebook), @festivaldecuritiba (Instagram) e @Fest_curitiba (Twitter).

M3rd4 para todos!