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Não.
Não tem a leveza das crianças e nem o peso das palavras dos velhos, aquelas que avisam sem avisar.
Só suas tentativas e erros errados.
Não.
Escapou o jeito de pegar o giz sem jeito. Aquele jeito de não fazendo e o tempo não existir.
E nem do outro lado, indo devagarinho, com o tempo existindo num peso de fazer cada segundo pesado como pedra jogada, uma por uma, no meio do lago da vida. Sorrindo em ondas.
Os dois polos, a criança e o velho.
Ele não queria ficar perto de nenhum dos dois e foi perdendo e ao mesmo tempo invejando, encrustrando e esquecendo.
E quanto mais perto chegava do velho e longe da criança, mais agarrado distante ficava, no relógio duro, escravo do tempo surdo, no sério das coisas.
E quando chegou no velho lembrou da criança pelo neto. Teve arrependimento doído, daquele sem volta, de ter esquecido e num esforço danado buscou em gavetas e jardins as lembranças que não quis quando distante.
Virou velho em gargalhada no tchibum da pedra que fazia onda engraçada no lago.
“Uma criança grande”, disse o filho no sério das coisas, que não aprendeu com o pai a não esquecer do que a gente foi feito para ser.
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