Exposição “Matéria e Memória” – da artista Daniela Marton


No Museu Alfredo Andersen. Abertura será no dia 21/03/23 às 15h. A exposição ficará  até o dia 17/05. Entrada  gratuita
A exposição chamada ” Matéria e Memória” visa apresentar pinturas que remete a uma série de trabalhos artísticos da artista desenvolvidos na época da pandemia onde as relações pessoais passaram a ser feitas a distância, a qual reforçou ainda mais a busca por elementos arquitetônicos que tivessem algum apelo de memória afetiva
O campo pictórico dessa forma acaba ganhando mais corpo, se tornando mais matérico e por sua vez, as imagens começam a sofrer interferências com a materialidade da pintura, que acaba alterando-as, ressignificando assim a recordação afetiva contida nelas.
A pintura se apresenta como um resultado da atualização dessas lembranças, passando assim a matéria faz parte da memória, de modo que surja o passado e o presente, colocados em comunhão. O acréscimo dos elementos arquitetônicos promove um novo processo artístico, composto por diferentes elementos artísticos: o estêncil (gravura), as fotografias arquitetônicas, o Autocad (software da arquitetura) e a pintura.
Artista: Daniela Marton
Curador: Lavalle
SERVIÇO
Exposição “Matéria e Memória”
Museu Alfredo Andersen.
R. Mateus Leme, 336 – São Francisco, Curitiba
Abertura será no dia 21/03/23 às 15:00.
A exposição ficará  até o dia 17/05/23.
A entrada é gratuita.
Horário de funcionamento 09:00 às 17:00. segunda a sexta-feira
Texto curatorial do Tom Lisboa:
 Sobre Viajantes “Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos”. Daniela Marton poderia ser esse viajante citado no livro “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino. Vinda da arquitetura, ela encontra no território estrangeiro da pintura, talvez, a melhor maneira de “edificar” suas obras. Sua singularidade, contudo, não advém da frieza do cálculo, mas do gesto espontâneo que apaga qualquer rastro de uma fórmula racionalista. Ao mesmo tempo, a maneira como ela dispõe as camadas de tinta e estabelece entre elas relações cromáticas e táteis, percebemos uma aproximação com o fenomenológico. Somos assim expostos a uma pintura que cria um campo de experiência oriundo desta descontinuidade dos contornos e de uma gama de cores que se desfazem. Mesmo quando usa o AutoCAD (um software utilizado para elaborar peças de desenho técnico) para criar os estêncils que são aplicados sobre as telas, sua finalidade é transfigurada. O que surge são construções desgastadas e instáveis que problematizam, contradizem e expandem conceitos advindos de sua antiga formação acadêmica. Diferentes cargas emocionais permeiam sua produção. Desde a dor que se converte em cor até as escolhas das imagens de que remetem ao universo da arquitetura que coleta da internet e reproduz em cada estêncil. A opção pela coluna jônica, na obra Rupturas, por exemplo, é por considerá-la um dos elementos mais elegantes e simples da arquitetura, por remeter a edificações antigas de Roma e Veneza, mas principalmente, por lembrá-la de uma viagem para visitar sua família na Itália. Nesta tela, a solidez da coluna se desfigura num mar de matéria, cor e gestualidade criando uma nova arqueologia para esta referência clássica. Por fim, faz necessário pontuarmos a importância da dor, tanto física quanto psicológica, em suas escolhas cromáticas e também de escala, já que em momentos de profundo sofrimento ela chegou a optar por telas de menor dimensão. Giulio Carlo Argan observou, a respeito da obra de Van Gogh, uma característica que encontro nas obras de Daniela: “a matéria pictórica adquire uma existência autônoma, exasperada, quase insuportável; o quadro não representa: é”. Ao percorrermos o conjunto de seus trabalhos embarcamos em um mundo de símbolos e mensagens que nos instigam e desafiam. Passamos a ser viajantes em processo de autodescoberta.”
Tom Lisboa Texto Curatorial.
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Fotos: Divulgação