Nada mau ter 39 mil pessoas te apoiando numa manhã tão fria quanto a do último sábado (25). O Coritiba levou ao Couto Pereira o melhor público dos últimos 12 anos. Em 2007, o Verdão tinha levado ao Alto da Glória cerca de 43 mil pessoas contra o Marília, na série B do campeonato brasileiro.
Não só a promoção trouxe o torcedor ao estádio, como também o retorno do ídolo Rafinha, que fez parte de uma das melhores fases do Coritiba no século XXI, participando das duas campanhas que levaram o Coxa à final da Copa do Brasil.
Coritiba e Rafinha logo corresponderam toda a expectativa. O camisa 7 tabelou com Patrick Brey e mandou pro fundo das redes, mas o árbitro Gilberto Rodrigues estragou a festa, e com razão: O craque estava impedido. Tudo bem, ele voltaria três minutos depois para fazer outra tabelinha, dessa vez com Rodrigão, o “Rodrigol”, que recebeu pela esquerda e, quase sem ângulo, abriu o placar para o Verdão do Alto da Glória.
40 mil pessoas às 11h de um sábado frio, mas ensolarado, vencendo por 1×0. Belíssimo cenário para empolgação. O problema é que o Coxa não pensou o mesmo. Verdade que William Matheus não deixou o Cuiabá chegar pela esquerda e participou bastante de jogadas ofensivas. Rafinha, Brey e até mesmo Rodrigão tiveram boas ideias pelos lados do campo, mas não conseguiram executar nenhuma delas. E aí, veio o medo.
O Coritiba cedeu ao medo de continuar perdendo oportunidades ou tomar um gol num contra-ataque. Ou talvez as duas coisas. O fato é que o Cuiabá foi para o segundo tempo seguro de si. Aproveitou o medo e a preguiça da defesa para finalizar a primeira aos 5 com Toty, sem marcação dentro da área; Wilson defendeu. Aos 10, a defesa errou de novo e entregou a bola para Jean Patrick, que mandou pra fora. Wilson deu a primeira bronca, mas não adiantou.
Três minutos mais tarde, o Coritiba perdeu a bola no ataque. A defesa toda aberta permitiu a arrancada de Felipe Marques e Caio Dantas pelo lado, deixou Todinho chutar e, em novo cruzamento de Felipe Marques, o cabeceio do atacante para o empate. O Coritiba apreciou o gol de empate e a apreensão no Couto Pereira.
Jogo sem muitos lances de perigo a partir desse momento, mas os mato-grossenses eram melhores. O Coritiba só ofereceu perigo com o único que não tem medo de errar: Rodrigol, depois de dois jogos sem marcar e perdendo duas penalidades, subiu para cabecear e marcar seu segundo gol no jogo, gol que seria o da vitória.
A partida ficou lá e cá, com um pênalti não marcado para o Cuiabá, uma boa jogada coxa-branca que terminou num chute de Rafinha pra fora e a cabeçada de Caio Dantas no último lance de jogo, quase empatando a partida. Final 2×1, e o Coritiba, mesmo nervoso e com medo, foi recompensado por dois únicos corajosos na linha: Rafinha e Rodrigão, que abandonou os erros do passado para dar à torcida mais dois presentes.
A torcida Tricolor também deve estar chateada com a falta de atitude de seu time. Com pouco mais de 4 mil pessoas no Moisés Lucarelli e uma Ponte Preta em péssima fase, não seria extremamente difícil trazer pelo menos um pontinho de Campinas. A partida começou num tom que dava a entender que uma jogada mais incisiva seria fatal às pretensões das duas equipes.
Aos 22 minutos, porém, um escanteio bastou para a Macaca abrir o placar. O Paraná, contudo, não se abateu. João Pedro aproveitou sobra de um cruzamento mal afastado e mandou pro gol, empatando a partida. E o garoto estava com fome. Dois minutos depois, recebeu cruzamento e, sem deixar ela cair, mandou uma bomba no ângulo do goleiro Ivan.
Com um golaço desses, era de se esperar que o Tricolor fosse pra cima e matasse o jogo. Mas preferiu esperar. Preferiu abrir o caminho para a recuperação da Macaca no campeonato. Deu uma estreia alegre para Roger. Preferiu deixar Abner livre para ofuscar a pintura de João Pedro. O medo de perder tirou a vontade de ganhar. E o Paraná, antes invicto e com apenas dois gols sofridos, tomou 4 em um só jogo e deixou escapar 5 pontos contra os campineiros (Guarani em casa e Ponte Preta fragilizada fora).
É o que tem pra Hoje:
O Londrina acabou sendo derrotado pelo Sport fora de casa. Porém, a equipe teve uma reação incrível e uma oportunidade de virar o marcador. A verdade é que o Sport foi superior, mas por méritos próprios. O Tubarão fez um bom jogo, mas o Leão estava inspirado. Não deu.
O Athlético teve a vitória nas mãos, mas a pressão da torcida não deixaria Abel e seus comandados dormirem tranqüilos com um empate, muito menos com a derrota. Falta equilíbrio ao sistema defensivo nos fins de jogos e um pouco de inteligência para finalizar. Ou será que só Marco Ruben tem a responsabilidade de marcar gols? A Lei do ex não salva todos os dias.
O Fantasma está muito assustado. E isso é normal. O clube até três anos atrás não tinha divisão nacional; agora, está na série B. O Operário precisa de tempo para entender o que está acontecendo, tempo esse que está tendo e realmente aproveitando. Vale lembrar que o Botafogo de Ribeirão Preto não é seu adversário. O que não dá é empatar com Oeste em casa. Mas as coisas vão se ajeitar. Não adianta vaiar amanhã se o Operário perder para o Sport, mesmo no Germano Krüger. Ainda há tempo.