Consultor da CNI rebate acusações e reforça que políticas do Brasil beneficiaram empresas americanas
O embaixador Roberto Azevêdo, consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), defendeu a indústria brasileira durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (3) no Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR). A sessão integra a investigação aberta em julho com base na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que avalia se práticas de outros países são injustificáveis ou restritivas ao comércio dos EUA.
Na sustentação oral, Azevêdo destacou que os comentários enviados pela CNI deixam claro que o Brasil não adota medidas discriminatórias ou prejudiciais.
“A noção de que o Brasil está agindo deliberadamente de forma a prejudicar os Estados Unidos é totalmente infundada. Simplesmente não há evidências de que os atos, políticas e práticas em questão discriminem ou prejudiquem injustamente as empresas americanas. Ao contrário, os fatos mostram que as empresas americanas, em geral, se beneficiaram das políticas brasileiras”, afirmou o embaixador.
Áreas em análise
A investigação norte-americana envolve seis frentes: comércio digital, meios de pagamento eletrônico, tarifas preferenciais, propriedade intelectual, mercado de etanol e questões ambientais — como o desmatamento ilegal.
Em seu pronunciamento, Azevêdo apresentou argumentos técnicos em cada área e ressaltou que o Brasil tem avançado em marcos regulatórios, combate à corrupção, proteção ambiental e segurança jurídica.
Ele também enfatizou a importância estratégica da parceria bilateral:
“Somos as duas maiores democracias deste hemisfério. Deveríamos estar conversando um com o outro, não brigando um com o outro. Quaisquer problemas devem ser resolvidos por meio de diálogo e cooperação contínuos. A CNI apoia iniciativas que fortaleçam os laços entre os Estados Unidos e o Brasil, promovam o crescimento econômico e melhorem as condições de mercado em ambos os países.”
Argumentos da CNI
O presidente da CNI, Ricardo Alban, reforçou que os principais contra-argumentos às acusações são baseados em fatos concretos e evidências econômicas.
“No caso do etanol, temos uma relação de muitos anos, somos os dois maiores produtores do mundo. Hoje, o etanol é uma grande matéria-prima para a produção do SAF [Combustível Sustentável de Aviação]. Temos que desmistificar também os problemas do desmatamento, dos meios de pagamento – no caso do PIX –, desmistificar o problema de talvez nós não termos as devidas cobranças na parte do Judiciário e mais outros pontos comerciais que são importantes para que a gente possa ter realmente a explicação baseada sempre em elementos, em estatísticas, na condição econômica e comercial”, explicou.
Missão empresarial em Washington
A audiência fez parte da agenda da missão empresarial liderada pela CNI aos Estados Unidos, que busca abrir canais de diálogo e contribuir para reverter ou reduzir o tarifaço imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros.
A comitiva reúne cerca de 130 empresários, dirigentes de federações estaduais e representantes de associações industriais. A programação segue até esta quinta-feira (4), com encontros no Capitólio, reuniões bilaterais com instituições parceiras e uma plenária que reunirá representantes do setor público e privado dos dois países.
