É triste pensar que as duas figuras principais de Brat tiveram mortes prematuras. Sergei Bodrov Jr., que atingiu o estrelato graças a obra, morreu aos trinta anos de idade, em uma avalanche nas montanhas do Cáucaso. Já o diretor, Aleksei Balabanov, morreu aos cinquenta e quatro, de um ataque cardíaco – não sem antes deixar algumas obras de grande relevância, como Mercadoria 200 e esta que hoje abordo. Filmado com apenas dez mil dólares, Brat foi um dos primeiros fenômenos cult da Rússia pós-comunismo. Embora criticado por sua visão negativa do país e acusado de ter sido “feito para estrangeiros” (no que se aproxima de algumas obras brasileiras, como Cidade de Deus), o filme viria a receber diversas premiações, e é hoje reconhecido como uma das principais obras do cinema russo da década de 90.
Em 1997, Danila Bagrov retorna da primeira guerra da Checênia para o pequeno vilarejo de Priozersk, mas envolve-se em uma confusão logo na chegada. Liberado da prisão com a condição de que conseguisse um emprego, Danila aceita a sugestão da mãe e vai a São Petersburgo em busca do irmão bem sucedido, que pode dar-lhe alguma oportunidade. De fato, o irmão lhe oferece trabalho, mas não do tipo que uma mãe desejaria para o filho.
Uma das características mais marcantes de Brat é a influência do Rock’n Roll, em especial da banda Nautilus Pompilius. Embora este seja um traço característico de Balabanov, a presença do Rock como elemento importante da obra reflete também um estado de espírito particular daquela época: o fascínio dos russos com a cultura ocidental. Hoje, com os níveis inacreditáveis de russofobia por parte de algumas nações européias e dos Estados Unidos, é difícil exagerar o valor histórico da obra, não apenas por retratar a caótica era pré Valdimir Putin, como por ser testemunha do genuíno – e ingênuo – desejo da população russa em pertencer a este nosso admirável mundo livre.