Há dois anos, Barbara Kirchner começou despretensiosamente a gravar depoimentos de algumas vozes relevantes da música paranaense, para um programa na rádio Cultura930. Mais notadamente vozes de Curitiba. Assim nasceu o Curitibaneando. Até hoje, a atração já conta mais de 80 entrevistas
Em meados de 2018, a cantora e compositora Barbara Kirchner gozava uma breve licença de seu emprego “formal” na área do Direito, quando o vazio do dolce far niente lhe abateu profundamente. Mais do que uma de suas vozes mais representativas, Barbara é antes de tudo uma entusiasta da cena curitibana e paranaense como um todo. Sempre achou difícil encontrar material onde pudesse identificar com mais facilidade e alguma profundidade os mais variados artistas que formam a colcha de retalhos da música de sua cidade e seu estado.
Voz bastante frequente nas ondas da Cultura930, foi na emissora localizada no Pilarzinho que encontrou espaço para o que pensou. A princípio um programa de entrevistas, entremeado com músicas destes artistas. A cada edição, um nome. O programa — semanal, todas as quintas às 13 horas — estreou com o poeta e compositor Antonio Thadeu Wojciechowski.
As “férias” acabaram, e Barbara — que paralelamente gravava seu primeiro disco solo — embora tivesse previsão de registrar apenas 30 entrevistas, continuou gravando mais e mais atrações. Nomes como Marcelo Amorim, Jahir Eleutério, Hilton Barcelos, Beto Trindade entre muitos outros foram deixando seus depoimentos e registros sonoros — para além d a música, mas com muita história de vida e casos contados — em entrevistas bastante reveladoras, especialmente a pesquisadores que no futuro pretendam professar a respeito da música feita em Curitiba e no Paraná.
O termo “curitibaneando” faz a alusão ao antigo blog da apresentadora, mas ganhou contornos mais conceituais. “A pessoa não precisa ser necessariamente de Curitiba. Mas ela pode, a exemplo do citado Marcelo Amorim, paulistano do Tucuruvi, ter passagem marcante pela cidade, ou ter se estabelecido aqui, caso de Amorim. “O sujeito não é daqui, mas em algum momento ‘curitibaneou’, deixou sua marca”, declara Barbara.
A dita que profere que o “rádio é um vício difícil de largar” caiu como uma luva a Barbara e seu programa. Depois de dois anos, o Curitibaneando já conta 82 entrevistas, sem previsão para que tenha suas atividades encerradas.
Digno de um “museu da imagem e do som”, o Curitibaneando está hospedado em um portal aberto a pesquisadores de toda sorte. Verdadeiras pérolas documentais para a posteridade.
Confira todo acervo do Curitibaneando aqui.
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Fotos: Grupo Língua Madura, por Gilson Camargo (capa); Jahir Eleutério e Nélio Waldy (divulgação).