CULTURA REVISTA 05/03/2020 – MULHERES

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No programa Cultura Revista de hoje, vamos falar sobre Mulheres com os convidados Mirian Gonçalves, advogada e presidente do Instituto Defesa Da Classe Trabalhadora, Juliana Bertoldi, advogada e professora, e Felipe Mongruel, Sintonize AM 930, acese www.cultura930.com.br e acompanhe também pela live no Facebook.#Cultura930 #CulturaRevista

Posted by Rádio Cultura de Curitiba on Thursday, March 5, 2020

Índice de feminicídios atinge maior patamar desde 2007

Foto: Gibran MendesTexto e Foto: Gibran Mendes

O último Atlas da Violência indicou um crescimento no número de feminicídios em 2017. Foram cerca de 13 assassinatos por dia, computando um total de 4.936 mulheres mortas naquele ano. O maior desde 2007. Este foi um dos dados apresentados durante o Declatra na Cultura desta quinta-feira (5) que tratou sobre o tema Violência contra a Mulher.

A diretora geral do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra), Mírian Gonçalves, debateu o tema com a advogada Juliana Bertholdi e a apresentadora Mariane Antunes nos estúdios da Rádio Cultura AM 930.

Mírian Gonçalves lembrou que, infelizmente, o ambiente familiar ainda é um dos locais mais perigosos para as mulheres, sendo o principal espaço onde são registrados crimes de violência e feminicídios. “As mulheres estão se conscientizando da importância e de que uma palavra mais dura, um empurrão, é violência doméstica e pode sim se tornar um caso de feminicídio. Isso deve leva-la para fazer a denúncia”, argumentou.

Nestes casos, por exemplo, Mírian destacou o uso de armas de fogo. “A maioria destas mulheres são mortas desta forma. O delegado acusado do duplo feminicídio tinha arma, o guarda municipal tinha arma e outros tantos. Esta coisa de vamos ter armas para proteger é uma barbaridade. Você consegue imaginar a mulher que está sujeita para um companheiro que aponta uma arma para ela tendo como buscar uma outra arma para se defender? Ela é sempre pega de surpresa. É preciso retirar as armas de fogo do mercado, é comprado que reduz a violência. Mas quando vamos tomar consciência disso?”, questionou.

A advogada e professora universitária  Juliana Bertholdi analisou a questão do feminicídios do ponto de vista jurídico. “ É um delito que é bastante democrático por esse ponte de vista. Ele permeia toda a construção social. Está relacionado ao patriarcado e à dinâmica capitalista na qual que a mulher é vista como um bem dentro da estrutura social.

“O feminicídio é um homicídio qualificado. Ele surge aparece porque  identificou-se que boa parte dos homicídios com motivo torpe tinha motivação de gênero e não se colocava muitas vezes na forma qualificada. Historicamente, um homem que pegava sua esposa com outro na cama e cometia homicídio, ele era considerado privilegiado. Havia uma redução de pena por conta de forte emoção. Com a modificação cultural ele passou a ser considerado por motivo fútil e torpe. O homicídio qualificado por motivo torpe tem o mesmo aumento de pena que o feminicídio”, explicou.

Juliana também lembrou que o assassinato de mulher trans também pode ser qualificado como feminicídios. “O legislador teve o cuidado que ao colocar um crime de ódio em razão de gênero e não do sexo biológico. A partir da expressão gênero é o suficiente para dizer que ela sofreu um crime de ódio independentemente do sexo na hora do nascimento”, completou.

As advogadas também lembraram de casos de feminicídios que ganharam destaque neste ano. Como o assassinato de duas mulheres no litoral do Paraná, sendo uma idosa de 66 anos que faleceu após o namorado, 65, ter ateado fogo em sua companheira após uma discussão. A morte  mulheres em São José dos Pinhais, a facadas e em Caçador (SC), seguida de suicídio do namorado foram alguns dos casos recordados. O duplo assassinato cometido nesta semana, em Curitiba, também foi alvo de lembranças.

Mapa do acolhimento –  Vítimas de violência e pessoas que desejam auxiliar mulheres nesta situação estão utilizando o Mapa do Acolhimento para conectarem-se. A plataforma contém espaços específicos para quem busca e para quem oferece ajuda, desde o aspecto psicológico como jurídico em todo o Brasil. Clique aqui para conhecer.

O Declatra na Cultura é transmitido todas as terças e quintas-feiras, ao meio-dia, na Rádio Cultura de Curitiba. Você pode acompanhar o programa ao vivo pela AM 930, pelo site, pela Fan Page do Instituto Declatra ou da própria Rádio Cultura.