Cogumelo Atômico e o sonho de uma nova consciência


Periódico que inaugurou a imprensa alternativa em Santa Catarina ganha documentário

Na primeira metade da década de 1970, um grupo de jovens se reunia na praça central da cidade de Brusque. Aos pés da estátua de Carlos Renaux na praça Barão de Schneeburg, conspiravam, sonhavam e realizavam. Ali mesmo expunham sua arte, em pintura, escultura, música e poesia. Involuntariamente, acabaram por inaugurar a feira de artesanato que até hoje embala as manhãs de domingo no centro da cidade.

Embalados pela cultura hippie, a ideia de um periódico surgiu. Criaram um jornal que falava sobre música, literatura, artes plásticas e política. O Cogumelo Atômico ganhou notoriedade nacional. Sem dinheiro, tudo se dava na base da vaquinha, alguns poucos anunciantes e a (hoje) chamada “brodagem”.

A história do Cogumelo Atômico gira em torno de três jovens brusquenses – Almir Feller, Aloísio Buss e Celso Luís Teixeira.  Trocando em miúdos, o trio foi propulsor do movimento de contracultura no Vale do Itajaí. A publicação teve grande impacto, principalmente por ter circulado em um período marcado pela ditadura militar e forte conservadorismo.

O projeto durou quatro anos e teve 32 edições, sendo que as 15 primeiras foram mimeografadas. A partir de 1975, o jornal passou a ser impresso em uma gráfica em Brusque. Nas primeiras edições, foram feitas apenas 30 cópias, porém, com a repercussão do projeto, a tiragem chegou a alcançar 2 mil exemplares, que eram distribuídos um a um, pelos Correios, para o Brasil inteiro.

Durante as comemorações dos 40 anos do fim do jornal (o Cogumelo teve sua última edição em 1977), em outubro de 2017 —com exposição realizada no Espaço Cultural Graf, seguida de shows no Espaço Gaivota — a jovem Maria Zucco apresentava um TCC sobre o tema.

Em paralelo, surgiu a ideia de um filme sobre o movimento. A própria Maria acabou por dirigir o documentário, que tem produção de Ricardo Weschenfelder, montagem e finalização de Sérgio Azevedo, mixagem e desenho de som de David Carturani, trilha sonora original de Gustavo Gonzaga Pereira e animações de Luiz Zucco. A produção está disponível no YouTube desde junho de 2020.

Confira o filme aqui.

Fotos: Ricardo Weschenfelder/Divulgação