Um dos setores mais afetados pela pandemia foi o de artes e entretenimento. Os artistas foram os primeiros a parar e só agora, no final de 2021, começam a retomar palcos e eventos. Ao longo destes dois anos, muitos trabalhadores da cultura chegaram a passar fome e outros desistiram da profissão.
Mais de 40 milhões dos recursos emergenciais da Cultura serão transferidos pelo governo do Paraná para autarquias e universidades.
Para garantir a sobrevivência do setor, uma grande mobilização nacional ocorreu em 2020 para reivindicar a criação da Lei Aldir Blanc. Aprovada em junho de 2020, ela se tornou instrumento de apoio financeiro emergencial. Porém, no Paraná, a Secretaria de Cultura decidiu, sem consulta aos artistas, fará um repasse de cerca de 40 milhões do recurso da lei para autarquias e universidades. Para protestar contra essa decisão, artistas realizaram uma manifestação, nesta terça-feira (23), em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
A mobilização, denominada “Ato contra o calote na cultura do Paraná” reuniu artistas, técnicos e operadores da cultura que pediram diálogo com os deputados e governo do estado para que os recursos da Lei Aldir Blanc sejam redistribuídos aos profissionais da arte e da cultura.
“Para o ano de 2021, ainda tínhamos para ser repassados aos artistas, deste fundo de auxilio emergencial, cerca de 72 milhões de reais que já estão no fundo da cultura. Vão terceirizar a execução de um recurso que tem caráter emergencial. Faltando menos de 40 dias para acabar o ano. […] Agora não sabemos para onde vai, como e quando será distribuído”, explicou o presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Paraná (SATED), o ator e diretor Adriano Esturilho.
São vários os casos de profissionais da arte e da cultura que dependem do recurso para sobrevivência. O iluminador cênico Luiz Nobre lamentou que o governo do estado seja insensível para a situação crítica que vivem os artistas.
“Em vários lugares do Brasil, as secretarias de cultura fizeram o que tinha que ser feito: dinheiro chegando na mão do trabalhador. Aqui foi feito errado desde o começo. No caso dos técnicos, só fizeram edital porque pedimos, pois literalmente esses profissionais estavam passando fome em casa. Mas fizeram editais super burocráticos, só apresentaram dificuldades. Posso afirmar que 90% dos técnicos não se beneficiaram deste recurso”, disse Luiz.
No ano passado, o Paraná estava entre os estados que menos repassou recursos da Lei Aldir Blanc. O recurso enviado pelo governo federal chegou a pouquíssimas mãos, resultando em uma execução de apenas 15%, segundo dados do Ministério do Turismo, colocando o estado como o terceiro pior em distribuição dos recursos provenientes da lei.
Editais inacessíveis – O protesto desta terça também denunciou que os editais feitos pela Secretaria de Cultura para distribuição da primeira parte dos recursos da Lei Aldir Blanc foram inacessíveis e burocratizados, além de ser um dos poucos estados brasileiros que não conta com nenhuma política de cotas/ações afirmativas em seus editais.
Fonte: brasildefatopr
Edição: Juliana Biancato
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“Sempre estive presente na luta de meus amigues professores, amigues da classe metalúrgica, entre outras que sempre me convidam pra mandar uns versos em suas jornadas.
Infelizmente nunca me identifiquei com o sindicato que representa a categoria que dediquei 10 anos da minha vida laboral e estar entre os meus, lutando pelo nosso direito é muito gratificante!
Só a luta muda a vida!” – a artista Poeta Diva Ganjah / Foto: Juliana Biancato
“Nós que acreditamos na liberdade não podemos descansar até que ela venha!”
(Ella Josephine Baker)