A questão envolvendo o mando de campo teve de ser esquecida rapidamente, pelo menos para os jogadores naquele momento. Era hora da bola rolar. Antonio Lopes buscava seu segundo título de Libertadores, assim como o técnico são-paulino, Paulo Autuori.
Antes da partida, a preleção do “Delegado” relembrava a fala de Amoroso, atacante adversário que tinha dito que o São Paulo transformaria o Morumbi em “Morumtri”. Os jogadores entraram motivados, pronto para demonstrar intensidade defensiva dentro de campo.
Em um Beira-Rio longe de estar lotado (havia 30 mil torcedores em um estádio com capacidade para 56 mil expectadores), o Furacão ergueu uma muralha. O São Paulo trocava passes, cruzava bola na área, mas a zaga atleticana não deixava passar nada. Se preciso, até parava o São Paulo nas faltas (foram 21 só no primeiro tempo).
Naquela noite de 6 de julho de 2005, Antônio Lopes escalou Diego; Jancarlos (André Rocha), Danilo, Durval e Marcão; Cocito, Alan Bahia, Fabrício e Fernandinho (Evandro); Lima e Aloísio.
Já Paulo Autuori mandou o São Paulo a campo com Rogério Ceni; Fabão, Diego Lugano e Alex; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Junior; Amoroso e Luizão.
Apesar do Tricolor paulista ter mais a bola, quem teve a primeira chance foi o Atlético. Foi o suficiente. Tanta marcação deu resultado, e aos 15 minutos, Marcão roubou a bola de Cicinho pelo meio, lançou Jancarlos pela direita, que cruzou para Aloísio, de novo ele, cabecear para o fundo das redes. Fabão escorregou, Lugano não marcou, e o Furacão comemorou. 1 a 0.
Depois disso, a única grande chance da primeira etapa foi aos 29 minutos, quando Junior mandou cobrança de escanteio no travessão e Amoroso não conseguiu completar no rebote.

Mas no segundo tempo a marcação atleticana não funcionou da mesma forma. Principalmente no início, os jogadores ofensivos do adversário tinham mais espaço. Após duas faltas cometidas pela defesa do Atlético, veio o castigo.
Aos 6 minutos, Junior bateu falta sofrida por Fabão na ponta direita. Mineiro deu um leve toque de cabeça, Aloísio também acabou desviando e Diego espalmou, mas a bola bateu na cabeça do zagueiro Durval e entrou. Gol contra, em um lance infeliz da defesa que tanto tinha atrapalhado o São Paulo até ali.
O Tricolor, então, passou a ditar o ritmo do jogo. Antônio Lopes tentou uma mudança no meio, com a saída de Fernandinho para a entrada de Evandro, porém a alteração não surtiu efeito.
O São Paulo tentava sair nos contra-ataques, e quase teve sucesso aos 27 minutos. Cicinho arrancou pela direita e cruzou rasteiro para Josué, livre, na cara do gol, chutar para grande defesa de Diego.
Perto do fim, Lima ainda tentou dar a vitória ao Furacão, em cabeçada rente à trave de Rogério Ceni. Nada feito. O jogo no Beira-rio tinha sido tão frio quanto aquela noite em Porto Alegre. Ficava tudo para o Morumbi, no dia 14 de julho, próxima quinta-feira.