Em Sete Confissões Capitais e Outros Pecados, Adriana Sydor elabora um corajoso exercício de autoconsciência
Os sete pecados capitais – inicialmente pensados pelo papa Gregório Magno no século 6, e firmados por São Tomás de Aquino no século 13 – dizem muito sobre o que é ser humano. São eles: vaidade (que, posteriormente, foi chamado pela Igreja de “soberba”), inveja, acídia (“preguiça”), ira, avareza, gula e luxúria. Além disso, Aquino listou os pecados que dos sete originais se desdobram, formando uma lista de quase cinquenta – o ódio que brota da inveja, a traição que vem da avareza, e por aí vai. Assim que, talvez por uma espécie de herança moral, vivemos ainda hoje em constante conflito interno, mesmo que a postura socialmente aceita seja a de soterrar os demônios interiores sob camadas de ilusões.
Agora, se a “humanidade tratou de achar um lugar confortável para conviver com tantas proibições”, Adriana Sydor pega o caminho inverso nas crônicas de Sete Confissões Capitais e Outros Pecados. A obra, que traz no início de cada um dos sete capítulos uma das partes que compõem o quadro “Os sete pecados mortais”, do holandês Hieronymus Bosch, é um corajoso exercício confessional, distante do conforto, no qual a autora busca fugir do baile de máscaras cotidiano ao se expor sem meias palavras: “porque a escrita é minha salvação e aprendi a fazê-la a partir dos meus motivadores, o que vai aqui é um pouco de mim”.
Sydor exercita a autoconsciência partindo dos sete pecados capitais, encadeando reflexões que encerram conclusões pungentes – “é correto afirmar que algumas felicidades me atrapalham”, “o que eu quero agora é a alforria definitiva da frase ‘o que vão pensar de mim’”, “a humildade só tem lugar no mundo de hoje se for postiça”, “tenho necessidade do reconhecimento de minhas causas”.
Não há tentativas de justificar os pecados, mas antes de entender a si mesma: “aqui, diante de papel, me curvo às minhas humanidades e faço o desnudamento da maneira que consigo”. É com uma prosa límpida, preocupada com a exposição clara de suas impossibilidades, que a autora cruza essa via-crúcis do autoconhecimento.
Se a trajetória de Adriana Sydor é um “ensaio para uma vida dedicada às letras”, a publicação de Sete confissões capitais e outros pecados a aproxima mais do objetivo.

A autora
Adriana Sydor é colunista de música e comportamento político na Revista Ideias; editora da Travessa dos Editores; ministra oficinas e palestras sobre Música e Sala de Aula. Foi coordenadora de atualidades da Tecnologia Educacional – Positivo Informática e diretora das emissoras de rádio AM e FM e-Paraná. Publicou Coleção MPB para Crianças, Toda prosa e Salve o Compositor Popular. Assina o milcompassos.com.br.
O lançamento do livro é um convite para praticar pelo menos um dos vícios. A gula será tentada com espumante e sete docinhos temáticos especialmente elaborados pela Cafeteria Total para o evento. Cada um dos pecados terá o próprio representante.
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Serviço:
Sete Confissões Capitais e Outros Pecados, lançamento de Adriana Sydor
7 de junho – quinta – 19 horas
Livraria da Vila – Shopping Pátio Batel
Av. do Batel, 1868 – Batel
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Fonte: João Lucas Dusi