A transposição para o teatro de um dos maiores livros da língua alemã contemporânea


O Náufrago apresenta versão de romance do austríaco Thomas Bernhard. Adaptação e criação é do diretor William Pereira. Montagem estará na Reitoria dias 6 e 7 de abril

Em uma prosa convulsiva e exasperada, a montagem da peça O Náufrago traz a história da relação entre três exímios estudantes de piano. Na trama, o músico Glenn Gould apresenta para os dois colegas, uma interpretação de Variações Goldberg, do compositor alemão Johann Sebastian Bach. A partir daí o impacto da genialidade de Gould nos outros pianistas constrói toda a narrativa da peça.

Lançado em 1996 no Brasil pela editora Companhia das Letras, o livro O Náufrago foi um enorme sucesso de vendas. O grande desafio na transposição de uma obra literária para o ambiente das artes cênicas é criar um aspecto de teatralidade. Essa abordagem é necessária para que o espetáculo não se transforme somente em uma leitura dramática protagonizada pela atuação de um ator que narra os fatos.

No livro O Náufrago, essa narrativa é feita por um único personagem. No espetáculo, ela é realizada por dois atores: o protagonista/narrador (Luciano Chirolli) e Wertheimer (Romis Ferreira), o personagem que é citado durante toda a obra e é um alter-ego, uma sombra daquele que conta a história e está sempre em um segundo plano.

Adaptação para o teatro foi realizada pelo diretor William Pereira. Na peça, Wertheimer fica posicionado atrás de uma tela transparente, sobre os destroços de um piano de cauda que surge e desaparece como em um grande corte cinematográfico. Em cena, William propõe dois planos: memória e tempo presente, que vão se fundindo ao longo do espetáculo, fazendo com que os limites entre lembrança e realidade se rompam. A trilha sonora do espetáculo é o terceiro personagem e cria um contraponto entre a genialidade da execução de Glenn Gould e a interpretação medíocre de Wertheimer em seus últimos dias.

A relação de amizade de Chirolli e Pereira foi extremamente importante no resultado final da montagem, pois eles se conhecem desde a década de 80, quando estudavam na Universidade de São Paulo (USP). A conexão pessoal da dupla se reflete na peça, afinal, tanto o talento quanto a experiência dos dois foram essenciais para a construção do espetáculo. “Enquanto estávamos na faculdade, eu dirigi muitas obras nas quais ele atuava e sempre quis voltar a trabalhar com esse excelente ator. Náufrago é a oportunidade perfeita. O Romis Ferreira também empresta seu talento e vasta experiência nos palcos, o que contribuirá bastante para a encenação,” diz William.

O Náufrago conta com figurinos e cenário assinados pelo diretor William Pereira e luz de Caetano Vilela, que desenvolve parcerias artísticas com o diretor há mais de 20 anos. A direção de produção é de Leopoldo de Leo Jr., parceiro de William desde 2001. Os dois, ao lado do dramaturgo e diretor Newton Moreno, também são sócios na LNW Produções Artísticas desde 2009.


O Náufrago

6 e 7 de abril – quarta e quinta – 21 horas
Teatro da Reitoria

(Rua XV de Novembro, 1.299 – Centro).

R$ 80,00 – R$ 40


Ingressos:
www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L2), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.

Fotos: João Maria