Agência de design fundada por Storm Thorgerson e Aubrey Powell em 1967 entrou para a história pela criação de projetos gráficos para grandes álbuns de rock
O slogan no cartaz preto do filme Taken by Storm: The Art Of Storm Thorgerson And Hipgnosis, de Roddy Bogawa, inscrito sob uma foto de Storm sentado ao chão de seu estúdio, diz “este homem desenhou metade da sua coleção de discos”.
Storm Thorgerson e Aubrey Powell eram alunos da Royal College of Art, em Londres, quando foram intimados pelos seus amigos de uma banda underground e conceitual que tocava em clubes descolados e galerias de arte do bas fond londrino. Os rapazes precisavam de uma capa para seu segundo álbum, de 1968. A banda era o Pink Floyd e o disco A Saucerful Of Secrets foi o primeiro trabalho da dupla de artistas, que resolveu se especializar no assunto. Logo arrumaram freelances com a EMI e desenharam capas e projetos gráficos para o Toe Fat, The Pretty Things e o Free.
No início os designers sequer possuíam espaço próprio. Utilizavam os equipamentos da faculdade e o banheiro do pequeno apartamento de Powell acabou sendo utilizado como câmara escura algumas vezes. Mas a fama já lhes acenava quando concluíram o curso e ganharam mais trabalhos. Alugaram um estúdio e daí surgiu a Hipgnosis, uma brincadeira com as palavras “hipnose” e “gnose”, termo que viram escrito em um muro da cidade. Este nome viria a ser o maior ícone do design da história da música.
A Hipgnosis ganhou fama internacional de verdade a partir do “disco do prisma” do Pink Floyd. Sim, é assim que o álbum ficou conhecido no Brasil, por exemplo: pela referência de sua capa. The Dark Side of the Moon (1973) entrou para a história como referência e alçou a Hipgnosis ao estrelato.
Em 1974, Peter Christopherson é integrado à equipe, na condição de assistente, e em breve torna-se um dos sócios da empresa, fechando assim o trio principal que marcaria a indústria do design. A agência não realizava, por óbvio, apenas trabalhos para a indústria da música. Durante um bom período dos anos 70’s, foi responsável pelo projeto gráfico da revista masculina Club Internacional.
Grandes produções eram levantadas visando o cumprimento de uma ideia para realizar uma simples capa de LP. A indústria fonográfica vivia seus anos mais rentáveis, e também o de maiores riscos, apostas e muito hedonismo. Verdadeiras fortunas eram gastas na produção de grandes sucessos e alguns fracassos gigantescos. Era o jogo.
O Pink Floyd vendeu muito, foram parar no cinema, e na década seguinte entraram para o ramo dos videoclipes com muita força (a Hipgnosis foi junto e Aubrey Powell é produtor de cinema e vídeo até hoje, especialmente para o The Who).
Para se ter uma ideia, em 1987 Storm (já em trabalho solo) teve a ideia para uma capa que reuniu 700 camas de ferro hospitalares em uma praia inglesa. A ideia foi aceita e Storm teve todo aparato para realizar o que quisesse.
Claro que a parafernália toda também serviu a um videoclipe da banda. Por esta época a Hipgnosis já não existia mais. Mas seus artistas continuaram e estão realizando até hoje. Storm faleceu em 2013. Três catálogos foram lançados em livro sobre o período em que a Hipgnosis atuou como empresa (1968-1983) . Um filme documentário foi realizado.
Mas o que todo mundo sabe de verdade é que muito provavelmente você, ou certamente alguém que você conhece na vida, tem um trabalho realizado por Storm e sua turma guardado em algum canto da casa.
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Ouça. Leia. Assista:
Taken by Storm, Filme (site oficial)
Livro: Hipgnosis Portraits.
Livro: Hipgnosis Complete Catalogue
Livro: For the Love of Vinyl
Site: Hipgnosis (todas as capas – não-oficial)
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Imagens: reprodução