A cultura pop perde Claudia Bia


Claudia Bia. 1960-2019 / foto: Luis Teixeira

Jornalista, produtora e agitadora cultural vivia em Brusque-SC. Sua vida e obra marcaram produção do sul do país ao longo de quatro décadas

A jornalista Claudia Bia faleceu em Brusque, na tarde desta segunda feira, vitimada por um câncer contra o qual lutava havia 5 anos. Isto não é uma reportagem. Eu a conheci quando fui viver em Brusque no final do século passado. Ali nasceu uma amizade que marcou minha vida para sempre.

Claudia Beatriz Vilela nasceu em Santos em 1960. Mudou-se com a família para São Paulo ainda adolescente. Estudou Jornalismo. Desde jovem, já com o “codinome” Claudia Bia correspondia-se com todo o Brasil e exterior através de carta. Em correspondências quase diárias, sua vida na comunicação foi sempre frenética. Em contato com as publicações da época, vivia escrevendo para as redações das revistas Pop e Somtrês, dos jornais Folha de São Paulo e Jornal da Tarde, mais notadamente. Chegou a colaborar com a Somtrês, em seus primórdios.

Coluna de Claudia Bia n’O Município, de Brusque / imagem: reprodução

 

Contracorrente. Divisor de águas nos anos 1980’s / imagem: reprodução

A paixão pela música sempre foi marcante. Ainda nos 1970’s conheceu o artista gráfico e fotógrafo Luis Teixeira, indo viver em Brusque já no começo dos 1980’s. O casal mudou todo cenário cultural da cidade. Entre amigos, como o arquiteto e agitador Rogério Moritz e o músico Luiz Deschamps, realizaram festivais de música, festas e shows que marcaram profundamente a produção musical catarinense.

Foi na imprensa que seu trabalho ganhou maior destaque. Ainda com Luis, Claudia Bia editou o mítico tabloide Contracorrente, que influenciou gerações. Trabalhou com publicidade e propaganda nos anos 1990’s. Há mais de uma década mantinha uma coluna sobre cultura pop no jornal O Município, todas as segundas feiras.

Luis Teixeira, Rogério Moritz e Claudia Bia. Exposição BQ80 em 2018 / foto: divulgação

Claudia Bia deixa o atual companheiro Juliano e seu pequeno cachorro Nicki, além de muitas saudades em todos os amigos que tiveram o privilégio de conviver com ela. O verdadeiro legado de Claudia Bia ainda vai levar um tempo pra ser entendido em sua real dimensão. Esta singela nota fica aqui para que a lembrança seja eterna. Eu chegaria mesmo a dizer que ela merecia um texto melhor. Mas deixo o calor da emoção e a velha camaradagem informal como lembrança, tal e qual. Minha contribuição pessoal. Um beijo pra sempre, minha amiga.