Relespública & Plebe Rude (Arquivo)


Noite entre mods & pós-punks com carreiras duradoras, sets matadores e biografias rock’n’roll

Relespública trio desde 89: Ricardo Bastos (baixo), Emanuel Moon (bateria) e Fábio Elias (guitarrista) 

Jokers Pub – Sábado, 8 de junho de 2019
Resenha: Getulio Guerra / Fotos: Murilo Ribeiro

Publicada originalmente no Mondo Bacana
#ArquivoPrasBandas

Casa cheia pra ver dois dinossauros da cena roqueira nacional no bar mais tradicional do rock curitibano. DJ Ronypek era um dos fanzineiros responsáveis ​​pelo Ordem & Protesto – o fanzine mais foda da cidade, distribuído mundo afora nos anos 80. Entre um IPA e um APA, a discotecagem já antevia a vibe da noite com “Festa Punk” da gauchada contemporânea d’Os Replicantes: “Quero uma festa que não tenha Stones / Gosto muito deles, mas quero os Ramones / Quero uma festa que não tenha Beatles / Se é pra recordar prefiro Sex Pistols…”

O baixista sendo esmerilhado pelo guitarrista: “Você é rapaz… Você é capaz de tudo!”

Sobe ao palco a primeira banda da noite. A Relespública com o trio clássico é matadora! Não consigo pensar em outra formação que não seja Moon-Fábio-Ricardo fazendo aquele som… A banda curitibana tem inúmeros hits, mesmo que no underground! O anexo todo do Jokers tava socado (inclusive os camarotes), e cantava junto com Fábio Elias – em sua melhor forma possível, mental-física-espiritualmente. Ele conta que abrir pra Plebe no Jokers já era um sonho antigo, da banda e do Sandro – o dono da casa. Fabio brinca que sua guita não está afinando talvez por causa do frio. Diz que quando foi comprar na loja ela afinava mas ali no palco, não. Oferece a cover “I Cant Explain” do The Who, a Serguei e Andre Matos, ambos falecidos horas antes desse show.

Set list Relespública
“Boogie”, “Nós Estamos Aqui”, “Mudando os Sentidos”, “Dê Uma Chance Pro Amor”, “Nunca Mais”, “Eu Soul”, “I Can’t Explain”, “Sol em Estocolmo”, “Capaz de Tudo”, “Mod de Viola”, “In The City”, “Garoa e Solidão”, “Boatos de Bar/A Fumaça é Maior Que o Ar”,  “Camburão” e “Minha Menina”.

Plebe Rude é Clemente Nascimento (guitarra) e Marcelo Capucci (bateria), André X (baixo) e Philippe Seabra (guitarra e violão)

A Plebe Rude é uma banda que tem uma egrégora que é muito foda! Era “só” a predileta do Renato Russo em Brasília. E isso é uma baita responsa, pra vida inteira. O André e o Philippe se conhecem e tocam juntos há muito tempo, desde a fundação da banda em 1981. E lá se vão quase 40 anos de estrada… A leveza da relação, o respeito que um tem pelo outro (que deu pra ver no recente DVD Primórdios) é leve e bonito. Somados ao Clemente, que tem também uma presença de espírito maravilhosa, e ao Capucci, que é de outra geração mas veio com discrição e precisão juntar-se aos dinossauros… Vira um quarteto e tanto!

Ouço os caras desde o lançamento do primeiro disco, O Concreto Já Rachou de 85! Aquele discurso pertinente daqueles primeiros tiros (“Proteção” e “Até Quando Esperar”) bateu forte no então jovem de 15 anos que já ouvia Inocentes (cujo bandleader é o Clemente, desde a formação da banda, também em 1981), Cólera, Garotos Podres, Os Replicantes, Camisa de Vênus… Tinha aquela estética e pegada pós-punk, sem tosquices nem exageros, que até hoje se mantém com integridade.

O guita ancora no baixista: “E quem conforma o sistema engole e quem rebela o sistema come!”

Philippe fala, depois de “Um Outro Lugar”, que esta canção tem 30 anos e ele não pensava que teria de ficar cantando ela hoje. Não imaginava que teríamos um presidente que ficaria fazendo gracinhas em relação à cor das pessoas, à cultura quilombola e outras bizarrices. A base do set list fica nos dois históricos primeiros discos, mas ainda dá espaço pra novidades e faixas posteriormente incorporadas ao repertório da banda, como “Medo”, clássico do Cólera. Alguém da banda lembra: “Redson não está morto!”

Philippe foi entrevistado na Rádio Cultura pra falar sobre a biografia da banda

Cortinões fechados, sem bis de nenhuma das bandas. Esse é o último concerto desta tour referente a Primórdios! Compro um botton da Plebe, carrego um pouco meu celular numa tomada do hall, pago minha ficha e pego o rumo da zona sul: Xaxim. Sim, alguns artistas ainda me tiram de casa!

Set list Plebe Rude
“Voz do Brasil”, “Brasília”, “Johnny Vai à Guerra (Outra Vez)”, “Dança do Semáforo”, “Luzes”, “Censura”, “Um Outro Lugar”, “Anos de Luta”, “O Que Se Faz”, “Sua História”, “A Ida”, “Esse Ano”, “Bravo Mundo Novo”, “Pressão Social”, “Tá Com Nada”, “Códigos”, “Sexo & Karatê”, “Medo”, “Minha Renda”, “Proteção”, “Plebiscito”, “Disco em Moscou” e “Até Quando Esperar”.