“Os Delatores da Inconfidência” tem leitura dramática encenada e disseca o golpe de 2016 no espaço Mímesis


Espaço Mímesis. Arte em permanente conexão / foto: divulgação

Texto de Paulo Bearzoti Filho chama para o debate sobre a operação Lava Jato e a conspiração midiática, aproximando a conspiração recente com a Inconfidência

A peça “Os Delatores da Inconfidência” terá sua primeira leitura pública em 21 de abril, feriado nacional em honra de Tiradentes, no espaço do Mímesis Conexões Artísticas (rua Celestino Júnior, 189, bairro São Francisco, Curitiba).

Inspirado em três poemas de Cecília Meireles (da obra Romanceiro da Inconfidência), com texto de Paulo Bearzoti Filho, o espetáculo traz canções de Yuri Campagnaro, Ricardo Pazello e Jean Gabriel Coutinho.

Da montagem, participam a atriz Patrícia Reis Braga e o ator e dramaturgo Paulo Afonso Castro.

O argumento consiste em debater a operação Lava Jato e sua conexão com o golpe midiático, jurídico e parlamentar de 2016 por meio da aproximação desses fatos contemporâneos com o evento histórico da Inconfidência Mineira e a perseguição aos homens e mulheres que intentaram um movimento em favor da independência do Brasil em relação a Portugal, sobretudo a prisão, a morte e o esquartejamento de Tiradentes.

A forma aproxima o espetáculo do tradicional teatro de variedades. Além do drama propriamente dito, a peça conta com cinco canções originais e duas do repertório da MPB executadas ao vivo, poemas de Cecília Meireles e dos poetas da Inconfidência.

Atualidade da Inconfidência Mineira
Aproximando-se da concepção do teatro épico de Bertolt Brecht, o texto transporta para o final do século XVIII, em Minas Gerais, críticas ao tribunal de exceção, politicamente motivado, que tem constituído a essência dos julgamentos da Lava Jato contra lideranças nacionalistas e populares, principalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Recupera, igualmente, figuras históricas da luta nacional e popular. E não apenas Tiradentes.

A peça presta uma justa homenagem ao grupo dos poetas inconfidentes, notadamente Cláudio Manuel da Costa, José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, que, a despeito de suas ambivalências e contradições, representam o primeiro grupo expressivo de intelectuais brasileiros politicamente engajados que aproximaram sua arte e sua militância em favor de uma causa social.

Não menos importante, o texto resgata a esquecida figura feminista de Bárbara Eliodora. Mulher, poeta, pioneira da mineralogia que também tomou parte da insurreição mineira. Bárbara foi esposa do poeta Alvarenga Peixoto, com quem viveu por três anos sem a formalização do matrimônio, até que uma ordem do bispo local determinasse que eles casassem. Com a detenção de seu esposo, foi fundamental para que ele não se tornasse delator. Após três anos de prisão da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, Alvarenga Peixoto foi enviado para o exílio em Angola, onde morreria devido a uma doença contraída em sua chegada. Bárbara, então, lutou juridicamente para impedir o confisco de sua parte dos bens que partilhava com o marido, tomando à frente de seus negócios.

Serviço:

Os Delatores da Inconfidência (leitura dramática)

21 de abril – sábado – 19 horas

Mímesis Conexões Artísticas

Celestino Júnior, 189 – São Francisco

Entrada Franca

 

Fonte: assessoria

Foto: divulgação