No Brasil, mesmo antes da Pandemia de COVID-19, a área da cultura vinha sendo atacada e boicotada pelo governo. O Ministério da Cultura foi extinto e a Secretaria criada em seu lugar foi reduzida a uma pasta irrelevante e caricata. A necessária quarentena gerou uma situação dramática para artistas cuja produção e sobrevivência depende dos espetáculos e do público. Algumas iniciativas foram tomadas para monetizar artistas e minimizar o impacto financeiro do fechamento temporário de coletivos, teatros, cinemas, bares, museus, galerias e casas de espetáculo, muitos ameaçados de falência. A possibilidade de eventos públicos pós-pandemia ainda é uma incógnita e a relação da arte com os meios virtuais vislumbra possibilidades frutíferas, mas ainda instáveis, atualizando de modo inédito o importante debate sobre o corpo, a cena, o palco e a cidade nas diversas expressões artísticas e culturais. Além do aspecto da exibição e apresentação, há também a questão da criação, afetada pela dimensão psíquica e afetiva da crise sanitária, econômica e ética que estamos atravessando. Por outro lado, a arte sempre teve uma importante função de tratamento simbólico e de resistência nos momentos mais dramáticos da história da humanidade. A vida é amiga da arte, e a arte é amiga da mulher. As mulheres artistas, entretanto, também são afetadas pelo machismo estrutural de nossa sociedade. Nesse quarto encontro vamos conversar com Denise Mello (cantora) e Laís Marques (atriz). Como essas mulheres artistas estão passando por essa experiência? Como estão criando e se apresentando e quais virtualidades vislumbram para o futuro pós-pandemia?
Laís Marques é Atriz e Produtora. Mestre em Artes Cênicas pela ECA-USP, formada em dança pela Escola de Dança do Theatro Municipal e Especialista em Gestão Cultural pelo Centro de Pesquisa e Formação do SESC-SP. Realizou diversos trabalhos em cinema e tv e atuou em vários espetáculos de teatro. É Artista Orientadora da edição 2020 do Programa Vocacional e desenvolve pesquisa sobre mediação teatral e as experiências “espectador-ator”. Denise Mello é cantora, compositora, violonista, locutora, psicóloga e professora de canto popular e locução. Gravou o álbum “Nada que se sente é em vão” (2011). É Pós-graduada em “Canção popular: criação, produção musical e performance” e atualmente dedica-se ao projeto “A Mulher na canção” apresentando compositoras brasileiras entre o final do século XIX e meados de 1960.
