Olá amigos! Achei interessante e até fundamental, antes de continuarmos nosso mergulho teórico, sobre os caminhos possíveis para a arquitetura, lhes contar sobre uma experiência incrível que vivenciei, e tem tudo a ver, com as ideias que defendo aqui.
Sítio Terra Graciosa, Bioarquitetura, Agroecologia e Banquete PANC
Viver com plenitude, com significado e integralmente.
Respeitar as relações – com nós mesmos, com os outros e com o planeta.
Alimentar-se de nutrientes valiosos, de comida viva. Entrar em contato com as energias que trazem benefícios reais para o corpo, mente e espírito.
Obter conhecimentos tradicionais e renovados, sobre o cultivo sábio da Terra, sobre as plantas medicinais e pouco conhecidas na culinária tradicional, sobre a elaboração dos alimentos integrais, sobre a construção dos espaços com menor impacto, em harmonia com o meio ambiente.
Preciosidades que um grupo de pessoas antenadas, ou, acordadas, disponibilizam para quem estiver na busca da sua verdadeira essência.
No Sítio Terra Graciosa, a Ana Tereza Bigaton, guardiã desse pedaço especial do planeta – preservado em sua origem, e potencializado por tudo que lá se planta, colhe e transforma – une-se ao agrônomo Marcelo Silvério, mestre em ciência do solo, pesquisador e cultivador de PANCs, ao chef de cozinha, Arthur Ferreira, pesquisador de sabores orgânicos e uso de plantas não convencionais na culinária, e ao escritório Begônia Arquitetura, especializado em bioarquitetura, para ofertar cursos e eventos especiais, voltados a conexão das pessoas à Natureza.
No último fim de semana, foi realizado o Banquete PANC, onde os convidados puderam passar por uma experiência que foi muito além da alimentação convencional. O cardápio, elaborado pelo chef Arthur e pela arquiteta e sábia em alimentação natural, Bia Boell, foi surpreendente e acima de qualquer expectativa.
Recebidos em um espaço construído segundo os princípios da bioarquitetura, fomos acolhidos em uma roda de conversa, com mate orgânico, de produção local, onde cada um pode contar um pouco da sua busca pessoal, trocar experiências e receber ensinamentos.
Logo após, fizemos um passeio pelo sítio, orientado pelo agrônomo Marcelo, que passou muitos conhecimentos sobre as propriedades das PANCs. Foi muito especial, pois sabedorias milenares foram ofertadas a todos.
Ao regressar ao espaço de acolhimento, fomos recebidos com um coffee break orgânico, ofertado pela artista plástica e amante da natureza, Kátia Picollin, e pudemos saborear delícias feitas com amor.
Enquanto aguardávamos o início do Banquete, muitas descobertas e integrações, muitos links e novas amizades foram surgindo.
O Banquete foi uma festa de sabores, como nunca havia experimentado. Um cardápio bem equilibrado e muito diferente. Tudo regado com vinho orgânico, de produção mineira, também muito especial.
O ambiente durante todo o evento, foi permeado por sentimentos de amor e harmonia, de acolhimento e beleza. Causou uma profunda mudança energética em todos, que, ao saírem, passaram aos organizadores, sua gratidão e vontade de voltar em breve.
Aqui, é que encaixa a importância da causa que defendo, na arquitetura, e o motivo de lhes contar sobre esse evento.
O quanto uma construção, pensada para o bem-estar e conforto térmico, visual, sonoro, tátil… contribui para a felicidade.
Muito do que se passou com os convidados durante esse dia especial, teve a ver com o ambiente em que tudo aconteceu. O espaço de eventos da Terra Graciosa, foi criado para ser assim, acolhedor, confortável e nos reconectar com uma ancestralidade sábia e com a natureza amorosa.
Toda a construção, pensada a partir dos materiais da região, utiliza-os com inteligência e eficiência.
Os pilares são troncos de eucalipto autoclavado, muito resistentes – o eucalipto cresce rápido, podendo atingir sua maturidade para corte em 7 anos.
As paredes foram erguidas com COB, que é uma mistura de terra, areia e palha, mais toquinhos de madeira, reaproveitados, para estruturar. A tinta é de argila, com óleo de linhaça, e cola branca. Muito eficiente termicamente, além de possuir todas as vantagens em utilizar materiais locais e baratos.
Em pontos estratégicos, foram introduzidas garrafas verdes, na massa das paredes, em mais um bom exemplo de reutilização de material e captação de luz natural, filtrada, além de dar um belo resultado estético.
No centro do espaço, existe o fogão a lenha, que aquece todo o ambiente, assim como era feito nas primeiras construções da antiguidade. De forma criativa, uma serpentina instalada dentro da chaminé, e uma simples torneira de metal, garantem água quente enquanto houver fogo.
A maior parte do telhado, é um imenso tapete verde, um Telhado Vivo, capaz de realizar a termorregulação do ambiente, funcionando como um ar condicionado natural, além de ser utilizado para plantar alimentos, temperos e ervas, que não necessitam muita profundidade para enraizamento. Também é área de lazer, para curtir o nascer ou pôr do sol.
Possui sistema de captação de águas das chuvas, que são reaproveitadas para descargas de vasos sanitários, regas nos jardins e limpeza de calçadas.
Essas técnicas construtivas, além de manter o ambiente termorregulado, também garantem uma excelente acústica, e causam imenso bem estar. Como se a natureza agradecesse o respeito com que se utilizou sua matéria-prima, tudo se harmoniza e traz conforto.
A sensação que causa, é de acolhimento, como se a construção abraçasse quem entra. Você se sente dentro da Terra, protegido e acarinhado.
Essa breve descrição, é uma dica, para nosso próximo encontro. Existe saída? Ainda podemos nos relacionar bem com o planeta? Qual o ponto de equilíbrio, que necessitamos urgentemente encontrar?
Até breve!
Espaço de eventos, vista interna, parede de garrafas
Vista lateral do espaço de eventos
Horta de ervas aromáticas
Durante o banquete PANC
Na cozinha do espaço de eventos, elaborando os pratos
Fogão a lenha, e coffee break orgânico
Coffee break orgânico, e favo de mel recém colhido
Ensinamentos sobre as Pancs, com o agrônomo Marcelo Silvério
Roda de mate e conversa
Vista de parte do telhado verde
Detalhe da parede em COB e tocos de eucalipto
Telhado verde
Forno a lenha, visto de fora. Feito na técnica COB, parede com garrafas, pintura de argila
Poço de água pura