11ª edição do Julho das Pretas – RMN-PR 2023


Iyagunã Dalzira é a homenageada deste ano – O tema deste Julho é “Pretas Pela Democracia”

Já estamos com a agenda de atividades da 11ª edição do Julho das Pretas. Este ano, a RMN-PR está homenageando a Ialorixá, Iyagunã Dalzira, personalidade do movimento negro no Paraná e mentora na união dos saberes tradicionais africanos com outros saberes. 

O tema deste Julho e “Pretas Pela Democracia”, mote da organização este ano que ressalta a saúde, o direito da comida na mesa, a luta política, o pertencimento, a ancestralidade, a escuta, o acolhimento, o respeito às vidas LGBTQIA+, a religião, o direito à educação. E que também valoriza a vivência, os saberes, a dignidade e reverbera o coletivo feminino e preto.

A RMN-PR está num trabalho intenso em promover conhecimento sobre o controle social; escuta e estrutura para as ativistas; e aprendizado sobre o autocuidado e cuidado indo na direção do que a homenageada, Iyagunã Dalzira, orienta: “Cuida do Ori. Nossos dedos do pé não se movem se o Ori não estiver no comandando”. Prezar pela saúde mental deve vir antes de qualquer coisa, mesmo diante do racismo e a estratégia precisa ser de acolhimento e não de sobrevivência.

O propósito deste ano foi organizar ações para o Julho das Pretas descentralizadas, ocupando novos espaços, atingindo mais pessoas. Este ano serão dez atividades em que a RMN-PR está realizando ou está envolvida nos preparativos, Paranaguá e Umuarama são locais com atividades agendadas, na capital entre as atividades estão o ato do dia 25 de Julho, Feira Afro Zumbi, relançamento do livro Relatos no Palco da Vida e a homenagem à Iyagunã Dalzira. 

Neste ano, o Julho das Pretas nacional é organizado pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), pela Rede de Mulheres Negras do Nordeste e pela Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira. O tema é Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver.

Acompanhe o Julho das Pretas da RMN-PR, compartilhe a programação e venha somar com a gente neste mês que é da mulher da negra, que é pela luta da democracia plurirracial e com equidade de gênero.

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Site: rmnpr.org.br

PROGRAMAÇÃO JULHO DAS PRETAS – PRETAS PELA DEMOCRACIA 

30/06 – PRETAS ACADÊMICAS – 19h
LOCAL: Reitoria UFPR – Anfiteatro 100, Prédio D. Pedro I. Rua General Carneiro, 460. 

Mesa de abertura: “Pretas Acadêmicas e a luta por democracia”. 

Composição da Mesa: 

Carol Dartora (Deputada Federal/PT e doutoranda do PPGTE/UTFPR); 

Isabela Cruz (Mestranda em Sustentabilidade Junto à povos e Territórios Tradicionais – MESPT/ UnB) 

Marlina Oliveira Schiessl (Doutoranda em Educação pela UFPR; primeira vereadora negra de Brusque/SC); 

Megg Rayara Gomes de Oliveira (Docente do Setor de Educação/UFPR); 

Mediação – Judit Gomes da Silva (doutora em antropologia/UFPR) 

01/07 – PRETAS ACADÊMICAS – 08h
LOCAL: Reitoria UFPR – Anfiteatro 100, Prédio D. Pedro I. Rua General Carneiro, 460. 

Mesa: Julho das Pretas na UFPR 

Composição da Mesa 

Iyagunã Dalzira Maria Aparecida – Ile Ase Ojubo Ogún- doutora em Educação/UFPR 

Thais Souza – Coordenadora Executiva da Rede de Mulheres Negras – PR (RMN-PR) 

Ângela Martins – Rede de Mulheres Negras – PR (RMN-PR) 

9:00 às 9:15 – Coffe break 

9:15 às 12:00 – Grupos de Trabalhos 

TARDE 

MESA PRETAS PELA DEMOCRACIA– 13h30  

Composição da Mesa 

Juliana Mittelbach – Doutoranda em Saúde Pública ENSP/FIOCRUZ (RMN-PR) 

Alaerte Martins – Doutora em Saúde Pública USP (RMN-PR) 

Giorgia Prates – Vereadora em Curitiba/PR 

14:30 às 14:45 – Coffe break 

14:45 às 17:30 – Grupos de Trabalhos 

FEIRA DE AFRO-EMPREENDEDORISMO  
LOCAL: Pátio Reitoria UFPR
 

01/07 – ABERTURA JULHO DAS PRETAS – 15h às 20h
LOCAL: Vila Torres

Iyagunã Dalzira Maria Aparecida – Ile Ase Ojubo Ogún – doutora em Educação/UFPR 

Thais Souza – Coordenadora Executiva da Rede de Mulheres Negras – PR (RMN-PR) 

Bloco Pretinhosidade 

15/07 – JULHO DAS PRETAS – 18h às 20h30 

Local: Memorial de Curitiba 

1ª Mesa 18h  
Homenagem à Iyagunã  

Iyagunã Dalzira Maria Aparecida – Ile Ase Ojubo Ogún – doutora em Educação/UFPR 

Angela Martins – Sócias Fundadora da Rede de Mulheres Negras – PR (RMN-PR) 

Mediação: Thais Souza – Coordenadora Executiva da Rede de Mulheres Negras – PR (RMN-PR) 

2ª Mesa 19h
Relançamento do livro Relatos no Palco da Vida 

Equipe de trabalho do projeto – Mediação: Ivanete Xavier 

 
22/07 – 2ª Festival Afrolatino Tereza de Benguela – 09h às 18h 

Local: Estação Ferroviária de Paranaguá
 

23/07 – Feira Afro da Zumbi – 14h às 18h
Local: Praça Zumbi dos Palmares. Pinheirinho.  

25/07 – Mulheres Sagradas – 3º Ato 25 de Julho – 19h às 20h30  

(se chover o ATO será cancelado) 

Descer a ladeira do Largo da Ordem em ato. 

Pretinhosidade 

Marcha do Orgulho Crespo  

Baque Mulher
 

29/07 – 4ª Arraiá das Pretas 14H às 20h. 

Local: ACNAPRua Francisco José Lobo, 214. Sítio Cercado. 

Mesa de abertura
RMN-PR
ACNAP

Evento para associadas. 
Traje: Caipira. 

29/07 – 1° ato de união reafirmando nosso espaço julho das pretas 16h às 20h.
Local: Faísca – Feira Agroecológica de Inclusão Social, Cultura e Artes – Av. Ângelo Moreira da Fonseca, 5030, Umuarama. Ao lado do Sesc. 

JULHO DAS PRETAS

O Que é

O Julho das Pretas é uma agenda propositiva que analisa e avalia de forma crítica a conjuntura das mulheres negras, promovendo debates, rodas de conversa, apresentações artísticas, diálogos, lançamentos, encontros e homenagens centradas no protagonismo e na luta da mulher negra. O mês de julho costuma ser uma convocação do feminismo negro para ocupar todo e qualquer lugar que uma mulher negra queira estar, e mais, propõe o fortalecimento do coletivo político e autônomo das mulheres negras. 

História do Julho das Pretas

A ação do Julho das Pretas foi criada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, em 2013, para celebrar o dia 25 de julho,  Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. 

Foi a partir de diálogos na Bahia, mais especificamente no Recôncavo, Feira de Santana e Baixo Sul que o Julho das Pretas foi criado. Com o intuito de construir uma agenda comum de intervenção do movimento de mulheres negras na Bahia, o instituto organizou a discussão sobre as atividades, ações, debates, problemáticas e prioridades das intervenções no território baiano. 

A ideia na época já era o de estender a ação para todo o país. “É necessário fortalecer o 25 de julho em todo o país. Acredito que a construção e validação dessa agenda vai garantir respeito e visibilidade para a luta das mulheres negras. É um dia para ampliar parcerias, dar visibilidade à luta, às ações, promover e valorizar o debate e a identidade da mulher negra brasileira e, na Bahia, vai reafirmar o julho como um mês de intervenção das feministas negras”, afirmou a coordenadora executiva do instituto na ocasião, Valdecir Nascimento. Desde então, mulheres de todo o país se reúnem propondo agendas com o apoio do instituto.

Sobre o Odara – Instituto da Mulher Negra

O Odara – Instituto da Mulher Negra é uma organização negra feminista, centrada no legado africano, sediada em Salvador, na Bahia. O Instituto surgiu em 2010 com o compromisso de atuar pelo fortalecimento da autonomia e garantia de direitos das mulheres negras, e pelo enfrentamento às violências raciais e de gênero.

Data 25 de Julho

Em 1992 um grupo de mulheres negras organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, onde possibilitou a articulação de mulheres negras de diversos países, criando estratégias transnacionais para levantar e resolver problemas que atingiam diretamente a comunidade negra. 

Deste encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. A Rede, junto da Organização das Nações Unidas (ONU), foi a responsável pelo reconhecimento da data do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em 1992.

Em 2014, durante o mandato da presidente Dilma Rousseff, foi instituída a Lei 12.987, que definiu na mesma data o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, uma data em homenagem à memória da Rainha Tereza. 

Rainha Tereza de Benguela

Tereza de Benguela viveu durante o século XVIII, ficou conhecida por navegar pelos rios do Pantanal e ser responsável por mais de 100 pessoas entre negros e indígenas. Depois da morte de seu companheiro, José Piolho, se tornou a Rainha do Quilombo Quariterê. Seu reinado durou 20 anos e suas habilidades estratégicas iam desde a organização econômica com parceiros comerciais até a estrutura política que aquele quilombo seguia, podia-se dizer que era uma espécie de parlamento.

O quilombo foi destruído em 1770 pelas forças do governador da capitania do Mato Grosso, Luiz Pinto de Souza Coutinho. Soube-se por relatos duas versões da morte da Rainha Tereza, uma dizia que ela teria sido assassinada por colonizadores bandeirantes e outra que ela cometeu suicídio após ser presa. 

Rainha Tereza é a figura da mulher negra presente nesta sociedade, sempre à frente dos enfrentamentos das lutas diárias para garantir que o povo preto esteja a salvo. É a mulher negra que representa tal estratégia em proporcionar e garantir a mudança de nossa estrutura social.

Homenageada Dalzira Maria Aparecida Iyagunã

Iyagunã Dalzira e Thais Souza, coordenadora da RMN-PR

Iyagunã Dalzira é Ialorixá, sacerdotisa do terreiro Ile Aseo Juboogun. Iniciou os estudos regulares aos 47 anos, no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Aos 63, iniciou o curso de relações internacionais. Aos 72, defendeu seu mestrado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, com uma dissertação sobre os saberes do Candomblé na contemporaneidade. Aos 81, defendeu a tese de doutorado “Professoras negras: gênero, raça, religiões de matriz africana e neopentecostais na educação pública”, na Universidade Federal do Paraná. 

A infância da Iyá foi feliz, calma e doce em um sítio com brincadeiras inocentes e até muito valentes disputando com cobras os frutos de gravatá e veludo. Ainda sem a presença do racismo, ela tinha sonhos curiosos: uma boneca que falasse, uma sombrinha e um brinco de ouro. Realizou os sonhos de ter o brinco e a sombrinha, mas nunca teve uma boneca que falasse, porém, segundo ela mesma conta, os filhos que a vida lhe deu – adotou sete crianças, duas meninas e cinco meninos – “falaram e choraram bastante”. Não à toa seu nome, Iyagunã, tem o significado de Grande Mãe.

A mineira chegou nas terras paranaenses na década de 50, seu pai era músico, mas em busca de ter o tão sonhado pedaço de terra, levou a família rumo ao “ouro preto” plantando café. O sonho de prosperar não deu certo, cuidar da terra e sobreviver em meio a grandes plantações acabou levando a família para Umuarama e depois para Curitiba.

Ao sair do campo e ter contatos com mais pessoas começou a ter que lidar com o racismo, um episódio a marcou profundamente, Iyagunã Dalzira queria ser freira, porém ao chegar no convento a religiosa responsável não deixa, o motivo: “Você é bem escurinha, né?”. 

Se a gente nasce ativista? “Eu creio que não. A necessidade que vai fazendo com que a gente tenha que fortalecer, tenha que fazer alguma coisa, tenha que buscar, tenha que sobreviver. Viver plenamente, acredito que a gente não viva, porque tem que brigar com todos esses vieses que são terríveis”, diz ela relatando a sua trajetória na luta antirracista.

Em 1979 ela começa a militância sem a real noção do que era a ditadura, é neste momento da vida que também começa a ter ciência do que era o racismo religioso depois ver corpos sem identificação sendo jogados perto dos terreiros. Foi tardio, mas o seu encontro com o Candomblé só veio próximo aos 40 anos de idade por curiosidade e necessidade. Em sua construção sobre a conjuntura negra estavam personalidades como a política Benedita da Silva e o sociólogo Herbert José de Sousa, o Betinho.

Referência na fala, na presença e principalmente na sua existência, Iyagunã Dalzira, reflete sobre as mulheres negras e seu papel na democracia: “Eu creio que a mulher negra está a serviço da democracia. A gente está buscando ainda uma democracia, mas não é uma democracia plena, ela está sendo construída e quase que a gente a perde, foi por muito pouco. A democracia, a gente vai estar sempre construindo, reconstruindo, segurando, não é? Mas é a mulher negra que está a serviço da democracia, dessa mudança, de fazer esse barco andar”.

Nossa História 

Em 2005, durante a construção da Marcha Zumbi + 10, negras mulheres do Paraná sentiram a necessidade de criar um espaço para o fortalecimento de mulheres negras que diariamente lutavam com as questões de gênero e raça. As perguntas “quem somos?”, “O que queremos?” e “Para onde vamos?” às guiaram para o entendimento de articulação em Rede.  

Assim, em fevereiro de 2006, a Rede de Mulheres Negras do Paraná (RMN-PR) foi fundada, durante uma oficina de gênero e raça, com a presença de articuladoras e ativistas do estado e região sul do país. Uma rede instituída para reivindicar e ampliar a implementação de políticas públicas específicas, com foco em gênero e raça. Desde então, anualmente, a atividade Oficina Gênero e Raça é realizada como meio de acolhimento, formação e discussão sobre o presente e futuro de mulheres negras. 

O Que Somos 

Uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, autônoma e independente, integrada por mulheres negras. Fundada para lutar pela ampliação e implementação de políticas públicas específicas. 

O Que Queremos 

Combater toda e qualquer forma de opressão, garantir, reivindicar e ampliar o acesso a políticas públicas para mulheres, sobretudo mulheres negras; 

Promover a ação política de mulheres negras, na luta contra o racismo, sexismo, opressão de classe, a transfobia, bifobia, homofobia, racismo religioso e todos os modos de discriminação, contribuindo para a transformação das relações de poder e construção de uma sociedade mais justa que respeita a igualdade de direitos. 

O Que Fazemos 

A organização reúne mulheres negras de todas as regiões do estado do Paraná, com atuação nas áreas de: educação; cultura; saúde; segurança alimentar e nutricional; promoção e defesa dos direitos humanos; geração de trabalho e renda; valorização da identidade de gênero e raça/etnia. A RMN-PR também atua conjuntamente com outras organizações do movimento social regional, estadual e nacional. 

Onde Estamos  

Estamos em espaços de controle social municipais e estaduais. Também estamos em organizações nacionais e internacionais para articulação.  

Estamos em escolas, comunidades, instituições públicas e privadas, que contribuem com a luta antirracista.  

Ações Fixas 

Oficina Gênero e Raça (Fevereiro) 

Julho das Pretas (Julho) 

Curso Controle Social  

Encontro de Autocuidado (Novembro) 

Se Joga na Rede 

Instagram: @redemulheresnegraspr 

Facebook: @RedeMulheresNegrasPR  

Youtube: 

Site: www.rmnpr.org.br 

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Contato/whats: (41) 3379-1124